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O caminho de Ratinho Jr. até o Palácio Iguaçu

De sonoplasta a governador do Paraná. Confira a trajetória do governador eleito do Paraná

O caminho de Ratinho Jr. até o Palácio Iguaçu
Ratinho Jr. (esq.) ainda como sonoplasta nos anos 1990. Foto: reprodução/Instagram
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Ainda jovem – aos 37 anos de idade – Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) chegou a sua sexta eleição com ares de veterano e consagrado como um fenômeno das urnas. Na esteira de seu carisma e da popularidade do pai, venceu cinco corridas das eleitorais que disputou, sempre com votações expressivas. Agora, ganhou o pleito ao governo do Paraná em primeiro turno, com 60% dos votos, em uma eleição em que liderou de ponta a ponta, sem deixar chance aos concorrentes.

Ao tomar posse em janeiro de 2019, Ratinho Junior será o segundo mais jovem a comandar o Palácio Iguaçu – perdendo por três meses para Paulo Pimentel, que governou o Paraná entre 1966 e 1971. Nascido em Jandaia do Sul, no Norte do Paraná, o governador recém-eleito se mudou à região de Curitiba quando tinha três anos de idade. O pai, o apresentador Ratinho – Carlos Roberto Massa – havia migrado um pouco antes para tentar a vida, trabalhando em profissões diversas, como camelô, até se tornar repórter de rádio e dar início à carreira de comunicador.

Aos 13 anos de idade, Ratinho Junior começou a frequentar a Rádio Eldorado, em São José dos Pinhais, que pertencia ao pai. Começou ajudando na sonoplastia e logo a rotina em estúdio se tornou uma paixão. Até meses antes da eleição, ele apresentava o programa “Microfone Aberto”, que vai ao ar às 6 horas, pela Rádio Massa.

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“É uma coisa que faço com gosto. Eu gosto demais desse contato direto com as pessoas. Sempre gostei. Sou apaixonado”, disse Ratinho Junior, em setembro, em entrevista à Gazeta do Povo.

O rádio acabou funcionando como uma porta para a política. Pela rotina na emissora, Ratinho Junior diz que teve contato direto com demandas da sociedade – principalmente da população mais pobre. Começou ouvindo os problemas mais básicos do ouvinte – do buraco na rua à falta de saneamento – até despertar para o fato de que tudo isso estava relacionado a políticas públicas. “Rádio tem uma relação direta com a comunidade. O ouvinte reclama e, quando você vê, está envolvido com aquilo”, afirmou.

Recordista nas urnas

Ratinho Junior disputou sua primeira eleição em 2002, aos 21 anos, concorrendo a deputado estadual pelo PSB. De cara, bateu um recorde: teve 189 mil votos, a mais expressiva da Assembleia Legislativa do Paraná, até então. A votação maciça não foi surpresa. A candidatura do jovem político vinha catapultada pela popularidade do pai, que já era uma celebridade nacional e que já tinha um império de comunicação.

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“Minha chegada dependeu muito da figura do meu pai. Cem por cento das pessoas que votaram em mim, votaram pelo carinho por ele. Então eu precisava construir o meu caminho, algo que é lento. Esse processo de você desmembrar imagem, de as pessoas verem você, terem confiança em você. É muita energia gasta”, disse, em entrevista ao jornalista Carlos Coelho, da Gazeta do Povo, no ano passado.

Na eleição seguinte e então no PPS, Ratinho Junior ganhou uma cadeira na Câmara Federal com mais uma votação arrasadora, atingindo a marca de 205 mil votos. Em 2010, concorrendo à reeleição pelo PSC, o candidato quebrou mais um recorde: fez 358,9 mil votos, o que o tornou o deputado federal do Paraná mais bem votado da História.

Em 2012, Ratinho Junior se licenciou da Câmara para disputar a prefeitura de Curitiba. Foi o mais votado no primeiro turno, mas, no segundo, levou uma virada inesperada de Gustavo Fruet (PDT), que corria por fora. “Eu errei a estratégia”, disse, em análise ao tom agressivo que adotou contra o concorrente, em um dos debates decisivos. Foi seu único revés nas urnas até agora.

A volta por cima veio em 2014, quando Ratinho Junior voltou a ser eleito deputado estadual e com mais uma marca histórica. Recebeu mais de 300 mil votos, se tornando a candidatura mais votada no Brasil, naquela eleição.

Secretaria

Um dos fatores que contribuíram para que Ratinho Junior aumentasse sua visibilidade no Paraná foi o fato de ele ter sido chamado pelo então governador Beto Richa (PSDB), ainda em 2013, para assumir a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano (Sedu) – responsável por obras em todos os rincões do estado. Permaneceu na pasta em dois períodos: de janeiro de 2013 a abril de 2014; e de janeiro de 2015 a setembro de 2017.

A Sedu funcionou para o candidato como uma vitrine e cartão de visitas. Fez com que Ratinho Junior se aproximasse do interior – o que talvez explique o fato de ele ter conquistado apoio de mais de 210 prefeitos do estado, nesta última corrida eleitoral.

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Por outro lado, o período em que Ratinho permaneceu como secretário foi bastante explorado pelos adversários políticos ao longo da eleição, que tentavam vinculá-lo a Richa – mergulhado em escândalos de corrupção, o ex-governador chegou a ser preso, durante a campanha. Oponentes resgataram gravações antigas, com um vídeo em que Ratinho Junior aparece no mesmo palanque que Richa, por quem diz ter uma “fidelidade canina”.

Restou ao candidato tentar se descolar da imagem do ex-governador e ressaltar que jamais havia sido investigado. “Não [me arrependo de ter feito parte do governo Richa] porque eu não participei de nada [esquema de propina]. Não posso me arrepender do que não fiz. Tenho honra de ter participado da secretaria [Sedu] sem nenhuma obra investigada . Se alguém fez alguma coisa errada, que pague a e justiça seja feita”, disse em sabatina promovida pela Gazeta do Povo.

Família

Filho do apresentador Ratinho e de Solange Martinez Massa, o recém-eleito governador do Paraná é casado desde 2003, com Luciana Saito Massa. Tem três filhos – Alana, Yasmim e Carlos Neto – e faz o estilo “paizão”. Acostumado a levantar cedo, é ele quem prepara o café da manhã para as crianças, antes de elas irem à escola. Não foge a suas raízes do interior: sempre que pode, gosta de cozinhar um arroz carreteiro ou recorre à combinação churrasco e cerveja, com os amigos mais próximos e com a família.

Ratinho Junior diz ser tão apegado à família, que sofreu com a distância no período em que exerceu mandato de deputado federal. Não via a hora de chegar o fim de semana para voar a Curitiba e rever os seus. “Não gosto de solidão, de ficar sozinho. Foi uma das coisas que me fez não gostar de Brasília”, disse o candidato.

O novo governador é formado em Marketing e Propaganda, na Faculdade Internacional de Curitiba. Em 2011, concluiu pós-graduação em Direito de Estado, na Pontifícia Universidade Católica de Brasília. Ele também cursou especializações em Administração Tributária e Reforma Fiscal, na Universidade Complutense, em Madri, Espanha. Ratinho Junior, no entanto, lastima não ter cursado Jornalismo. “É um curso que eu gostaria de ter feito”, afirmou.

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Apesar de ser extremamente grato ao apelido herdado do pai, o novo governador deve optar por ser chamado pelo nome Carlos Massa Junior, abdicando aos poucos do “Ratinho”. A ideia é que, em eventos oficiais do Palácio Iguaçu, o governador seja anunciado pelo nome de bastismo, embora em ocasiões populares ainda deva ser mencionado pela alcunha que o tornou reconhecido.

“Essa questão do Carlos Massa é mais para eventos mais formais. Num evento mais formal, usa Carlos Massa Ratinho Junior. Mas se eu for no interior, ninguém vai saber quem está chegando [para o evento]. Então, no dia a dia, é Ratinho Junior”, disse, em sabatina promovida pela Gazeta do Povo.

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