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Desgaste

Para petistas, Lula é o maior derrotado dessa eleição

A Gazeta do Povo conversou com mais de 30 pessoas do PT ao longo das últimas duas semanas para ouvir opiniões e avaliações sobre a situação do ex-presidente

Débora Álvares, de Brasília
Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado
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“Lula sai menor, mais desgastado, mais desacreditado. Boa parte de suas estratégias falharam. Claro, segue um líder político enorme. Mas está preso e alguém precisará ocupar seu lugar, especialmente nesse momento político que vivemos. Até porque, não sabemos quando ele será solto. Esperamos que logo”.

A afirmação é de um petista que ajudou a fundar o partido ao lado de Lula, integrante da ala radical do PT, mesma à qual pertence o ex-presidente, a atual presidente do partido, Gleisi Hoffmann, e tantos outros nomes próximos a Lula. A avaliação é compartilhada por tantos desse grupo, como de outros, mais próximos a Fernando Haddad, mais liberais.

A Gazeta do Povo conversou com mais de 30 pessoas do PT ao longo das últimas duas semanas para ouvir opiniões e avaliações sobre a situação do ex-presidente.

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Dono de toda a estratégia da campanha petista, ele tem sido visto por muitos partidários como o grande “derrotado” dessa eleição, independente do resultado de domingo (28).

Em resumo, Lula insistiu em manter seu nome na disputa até o limite, em não deixar que a ala mais liberal do partido, que inclui Haddad, fizesse acenos ao centro e à direita. Bateu o pé em não permitir que o PT assumisse erros do passado, e segue dessa forma, com o discurso de vitimismo, como demonstrou em carta divulgada na quarta (24), na qual pede “união contra o fascismo”.

O ex-presidente afirma a quem o visita que “conseguiu levar Haddad ao segundo turno” e completa: “eu teria vencido no primeiro”.

Aliados de Haddad rebatem: “Não se tem certeza se conseguirá fazer o pupilo chegar ao Palácio do Planalto; ao que tudo indica, dificultou seu caminho”.

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Apesar do discurso público, claro, ser de “virada”, Lula já disse ao longo dessa semana que Haddad não vencerá. E já prepara o terreno para o futuro.

Novas ordens da prisão

Para Lula, uma das prioridades do pós-eleição é com a militância. Ele já determinou que sejam retomadas as caravanas pelo país para, ainda que o PT perca a disputa à Presidência, resgate-se aos poucos o eleitorado e se retome o ritmo de crescimento da legenda, muito abalada.

Outra ordem que Lula já deu é focar no papel de oposição ao governo. O ex-presidente quer que o PT assuma a dianteira nesse processo e lidere as críticas, debates e todo tipo de resistência ao possível governo Bolsonaro.

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Do lado de fora da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde está preso desde abril, Lula vai ganhar uma comemoração pelos seus 73 anos, organizada pela militância. Haddad, enquanto isso, estará em campanha na periferia de São Paulo, tentando recuperar votos perdidos para Bolsonaro na região.

Peças do jogo

O segundo turno marcou uma reviravolta na campanha petista. Mas já estava tudo planejado por Lula. Haddad parou de visitá-lo e de falar dele. Era necessário mostrar o candidato e fazer com que o eleitor se identificasse com o professor, pai de família, estudioso. Era preciso mostrar o Haddad que é um contraponto ao Bolsonaro e esconder o Lula, que reforça no eleitor o antipetismo.

Nos bastidores da campanha petista, os mais próximos de Haddad, o próprio inclusive, gostariam que esse distanciamento tivesse ocorrido antes. Avaliam que perderam muito eleitor de centro e centro-direita pela defesa contundente do ex-presidente.

“O Fernando [Haddad] sempre sairá em defesa do Lula. Ele é leal. Mas a aproximação ferrenha o prejudicou. Um é um, outro é outro. Mas somos minoria aqui, vence o coro maior, mais radical, majoritário”, afirmou um nome alinhado às estratégias defendidas pelo candidato petista.

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