As armas de Bolsonaro e Haddad no segundo turno da eleição
Veja quem sai em vantagem pelos critérios de votação no primeiro turno, dinheiro para a campanha, tempo de tevê, seguidores nas redes sociais e migração de votos de outros candidatos
Da Redação
Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) vão disputar o segundo turno das eleições presidenciais. Qual deles tem o arsenal mais poderoso nesse embate? Para responder a essa questão, a Gazeta do Povo elencou as cinco principais armas à disposição de cada um:
Votação no primeiro turno – Vantagem para Bolsonaro
Bolsonaro sai em grande vantagem neste caso. Venceu o primeiro turno com 46% dos votos válidos, contra 29% de Fernando Haddad. Esse tende a ser o “piso” dos votos de cada um no segundo turno, e o de Bolsonaro é bem mais alto. Quer dizer, precisa agregar um número menor de votos para vencer. É pouco comum que alguém faça menos votos no segundo turno que no primeiro. Nas sete eleições presidenciais desde a redemocratização, só aconteceu uma vez: em 2006, Geraldo Alckmin (PSDB) fez 37,5 milhões de votos no segundo turno, 2,4 milhões de votos a menos que no primeiro.
Dinheiro para a campanha – Vantagem para Haddad
Depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu doações de empresas para campanhas, os candidatos tiveram de se contentar com doações de pessoas físicas – individuais ou via financiamento coletivo – e, principalmente, dinheiro do Fundo Eleitoral Público. A vantagem de Haddad, nesse caso, é gigantesca. Sua coligação (PT, PROS e PCdoB) tem R$ 273,4 milhões à disposição para gastar nestas eleições, dentre todos os candidatos a todos os cargos. A coligação de Bolsonaro (PSL e PRTB), por sua vez, dispõe de apenas R$ 12,3 milhões para destinar a todos os candidatos a todos os cargos.
Até 23 horas de domingo (7), a campanha de Haddad havia declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) receitas de R$ 28,9 milhões e despesas de R$ 12 milhões. Bolsonaro, por sua vez, declarou arrecadação de R$ 1,9 milhão e gastos de R$ 1,2 milhão.
A pouca verba não atrapalhou Bolsonaro no primeiro turno. As poucas viagens que o candidato do PSL vinha fazendo acabaram interrompidas após o atentado que ele sofreu. Com apenas 8 segundos por bloco de horário eleitoral e uma inserção (durante a programação normal das emissoras) a cada três dias, ele pouco gastou com propaganda em rádio e tevê. A militância a favor dele nas redes sociais foi muito mais importante.
No segundo turno, Bolsonaro terá muito mais tempo de tevê, pois o horário será dividido igualmente com Haddad. Mas continuará com pouco dinheiro para bancar as propagandas. A tendência, assim, é de que sua participação em rádio e tevê fique com um ar mais modesto em comparação à do adversário. Vai fazer diferença? Não se sabe. Fato é que, com verba muito maior, Haddad também poderá bancar mais anúncios nas redes sociais, viajar mais e pagar mais cabos eleitorais. Sua campanha parecerá, por assim dizer, mais “presente” nas ruas e redes.
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Tempo de rádio e tevê – Empate
No primeiro turno, o horário eleitoral gratuito e as inserções em rádio e tevê foram divididas conforme a representatividade de cada coligação no Congresso. Enquanto Haddad teve direito a cinco inserções por dia, além de 2 minutos e 23 segundos por bloco de horário eleitoral, Bolsonaro podia exibir uma inserção a cada três dias, e dispunha de apenas 8 segundos.
No segundo turno, no entanto, o tempo de propaganda será dividido igualmente. O horário eleitoral gratuito terá dois blocos por dia, de segunda a sábado, em rádio e tevê. Na disputa pela presidência, cada bloco terá dez minutos – cinco para cada candidato.
Ao todo, os dois concorrentes terão, juntos, 25 minutos de inserções durante a programação normal das emissoras, de segunda a domingo. Isso equivale a 25 inserções de 30 segundos para cada candidato, todos os dias.
Seguidores nas redes sociais – Vantagem para Bolsonaro
Bolsonaro já contava, com larga vantagem, com o maior número de seguidores nas redes sociais no primeiro turno. O mesmo ocorre neste segundo turno.
Neste domingo (7) à noite, o capitão reformado tinha 7,1 milhões de seguidores no Facebook, 4,1 milhões no Instagram e 1,6 milhão no Twitter.
Haddad, por sua vez, tinha 767 mil seguidores no Facebook, 480 mil no Instagram e 725 mil no Twitter.
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Migração de votos – Vantagem para Bolsonaro
No primeiro turno, Bolsonaro recebeu cerca de 46% dos votos válidos e Haddad, 29%. No segundo turno, portanto, o candidato do PSL precisa de aproximadamente 4 pontos porcentuais dos adversários para alcançar mais da metade dos votos válidos e com isso se eleger. Haddad, por sua vez, precisa de pouco mais de 21 pontos porcentuais para conseguir o mesmo.
Não há como apontar com certeza para quem irão os votos dos candidatos que ficaram pelo caminho. Mas pode-se fazer estimativas a partir do comportamento mais provável de ao menos parte deles. E a vantagem, nesse caso, também é de Bolsonaro.
Entre os que não foram ao segundo turno, quatro candidatos teoricamente alinhados à direita – Geraldo Alckmin (PSDB), João Amoêdo (Novo), Henrique Meirelles (MDB) e Alvaro Dias(Podemos) – receberam cerca de 9% dos votos válidos no primeiro turno. Se esse porcentual migrar para Bolsonaro e ele mantiver os 46% que conquistou no primeiro turno, o capitão reformado chega a 55%. O candidato do PSL consegue vencer mesmo que apenas metade dos eleitores de Alckmin, Amoêdo, Alvaro e Meirelles migrem para ele.
A missão de Haddad é mais difícil. Juntos, Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) – os dois principais candidatos mais alinhados à esquerda – conquistaram pouco mais de 13% dos votos válidos no primeiro turno. Ainda que todos esses eleitores migrem para Haddad e ele mantenha os 29% dos votos com sua votação no primeiro turno, o petista chegaria a 42% dos votos no segundo turno. Teria de conquistar mais 8 pontos entre os eleitores de outros candidatos, portanto.
RESULTADO: Quem tem o arsenal mais poderoso?
Em resumo, Bolsonaro sai com vantagem em três desses critérios (votação no primeiro turno, seguidores em redes sociais e migração de votos) e empata com Haddad em um deles (tempo de rádio e tevê). O candidato do PT só ganha em um quesito (dinheiro para a campanha).