Site mente ao afirmar que Bolsonaro é investigado por “dinheiro sujo” na campanha
Notícia falsa
Falso: Procuradoria da República no DF nega que o candidato seja investigado por suposto dinheiro ilegal na campanha, em associação à investigação contra Paulo Guedes. O site que publicou a informação copiou uma reportagem do jornal Estadão, mas mudou o título e suprimiu trechos.
Entenda o caso
É falso o título “Procuradoria investiga dinheiro sujo na campanha de Bolsonaro”, de post publicado no site Plantão Brasil no último dia 11 de outubro. O texto é uma cópia de reportagem publicada no mesmo dia pelo Estadão, mas com o título alterado. A PR-DF (Procuradoria da República no Distrito Federal) investiga o economista Paulo Guedes, responsável pelo programa econômico da candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) e cotado para ser ministro da Fazenda em caso de vitória. Até o momento, no entanto, o presidenciável não foi citado na apuração.
Embora o Plantão Brasil não cite a origem do texto, o projeto Comprova encontrou a reportagem original do Estadão. Além disso, fez contato com o procurador da República Anselmo Lopes, da PR-DF e coordenador da força-tarefa da Operação Greenfield, que investiga o caso, e também analisou os documentos disponíveis da apuração.
Na reportagem original, o Estadão usou o seguinte título: “Procuradoria mira relação entre doações a políticos e aportes em FIPs de Guedes”. O texto do Plantão Brasil tem parágrafos idênticos aos do Estadão, mas, além de trocar o título, passando a veicular informação enganosa, o site suprimiu os trechos da reportagem do jornal que mostram as manifestações das defesas dos citados.
Em contato com o Comprova, o procurador confirmou que a campanha do presidenciável não está sob investigação. “Não há nenhuma investigação sobre Bolsonaro. Somente Paulo Guedes e outros são investigados”, declarou.
Nos documentos disponíveis da investigação, o nome do candidato não aparece.
A operação Greenfield investiga se Guedes praticou fraudes em negócios com fundos de pensão de estatais, podendo ter cometido crimes de gestão fraudulenta ou temerária. Em seis anos, dois fundos de investimentos (FIPs) administrados por uma empresa de Guedes captaram R$ 1 bilhão dos fundos estatais.
Na investigação, o procurador Anselmo Lopes pede, entre outras providências, a verificação de “eventuais conexões entre os aportes dos fundos de pensão e as doações da empresa Contax Participações S/A (registradas em R$ 53 milhões para partidos políticos e candidatos, entre 2008 e 2014) da qual, segundo o portal Bloomberg, o sr. Paulo Roberto Nunes Guedes era diretor”. Ele também determina a pesquisa de “doações eleitorais realizadas pelas pessoas físicas e jurídicas em questão entre os anos de 2008 e 2018”.
De acordo com a reportagem do Estadão, a empresa Liq (Contax) disse que o economista não foi seu diretor, mas sim Paulo Roberto Reckziegel Guedes. Os advogados do economista ligado a Bolsonaro afirmaram ao Estadão que “o fundo FIP BR Educacional não trouxe qualquer prejuízo aos fundos de pensão”.
Embora se mostre como jornalístico, o Plantão Brasil oferece um link para que os leitores entrem em um grupo de WhatsApp para “receber imagens, vídeos e notícias para compartilhar pró-Haddad e contra Bolsonaro”.
Publicado no dia 11 de outubro, o link para o site ainda repercute no Facebook em páginas como Verdade sem manipulação, Eu Odeio a Globo, Pig Golpista e a do próprio Plantão Brasil. Até a noite desta quarta-feira, 17 de outubro, os posts com o link tinham cerca de 11 mil curtidas, comentários ou compartilhamentos, segundo a ferramenta Newswhip.
O Blog da Cidadania também publicou uma versão semelhante da informação enganosa. Usou o texto do Estadão e afirmou, no título, que “Procuradoria suspeita de dinheiro sujo na campanha de Bolsonaro”. Nas redes sociais, a publicação obteve cerca de 3,3 mil interações.
Esta verificação foi feita pelas redações da BandNewsFM, UOL e Gazeta Online.