Reuniões com partidos fazem parte das atribuições da missão de observação da OEA
Notícia falsa
Falso: Missão da OEA não vai fazer auditoria das eleições. Papel da delegação é produzir um relatório com recomendações. Reunião da OEA com chapa petista não sugere conspiração; representantes da organização internacional já estiveram com outros partidos como PDT e Novo.
Entenda o caso
A reunião entre representantes da Organização dos Estados Americanos (OEA) e a chapa do candidato à presidência Fernando Haddad (PT) nesta quinta-feira, 25, ocorreu dentro da legalidade. A OEA informou que também tem convidado, desde agosto, a equipe da campanha de Jair Bolsonaro (PSL) para um encontro, mas nunca obteve resposta.
Para fazer essa verificação, o Comprova entrou em contato com a OEA e reportagens que explicaram o papel da missão nas eleições brasileiras. O Comprova também contatou a assessoria da campanha de Bolsonaro, mas não foi respondido até o momento.
Mensagens no WhatsApp sugerem que a reunião da OEA com o petista seria suspeita e afirmam que a missão internacional tem papel de auditoria nas eleições 2018 — o que não é verdade. O objetivo da delegação é analisar aspectos como financiamento de campanha, liberdade de imprensa e participação de mulheres e minorias.
Ao final, é produzido um relatório com conclusões e recomendações ao Brasil e ao Conselho Permanente da OEA. O documento não tem o efeito de alterar o resultado do pleito.
É normal que missões de observação internacionais como a da OEA ouçam queixas de candidatos, o que não significa, no entanto, um endosso às críticas. Neste período eleitoral, a delegação já esteve com representantes de partidos como Rede Sustentabilidade, PDT e Novo. Nas eleições do Paraguai deste ano, por exemplo, a missão se comprometeu a se encontrar com legendas e candidatos “para aprender sobre aspectos técnicos e reunir observações sobre as eleições”.
“As missões de observação eleitoral da OEA sempre entram em contato com todos os partidos e campanhas porque é importante para nós escutar todas as vozes e conhecer as diferentes perspectivas sobre o processo eleitoral. O Brasil não foi uma exceção”, comunicou a OEA ao Comprova.
A chefe do grupo da OEA, a ex-presidente da Costa Rica Laura Chinchilla, já esteve à frente de atividades de observação de eleições no Paraguai (2018), Estados Unidos (2016) e México (2015). A organização faz trabalhos dessa natureza desde 1962 — neste período foram enviadas 250 missões a 27 países.
O boato foi enviado repetidas vezes ao WhatsApp do Comprova e do Estadão Verifica. Uma versão no Twitter que dizia que a missão da OEA era formada por “auditores” chegou a 2,4 mil curtidas e 1,6 mil retweets.
No sábado e domingo, a equipe do Comprova se uniu a outras cinco agências de checagens de notícias no Brasil para checar as mensagens de conteúdo suspeito nesta reta final das eleições. A parceria reúne o Fato ou Fake, Projeto Comprova, Lupa, Aos Fatos, Boatos.org e E-Farsas.
Esta verificação foi feita pelas redações de O Estado de S.Paulo e O Povo.