Tudo sobre as Eleições 2018
PUBLICIDADE

Foto de multidão no Largo da Batata é de protesto contra Bolsonaro e não do Carnaval de 2017

Notícia falsa

Foto de multidão no Largo da Batata é de protesto contra Bolsonaro e não do Carnaval de 2017
Compartilhar

Falso: Montagem que compara reportagens sobre o Carnaval de 2017 e protesto contra Bolsonaro, de 2018, replicou a foto mais antiga.

Entenda o caso

São falsas as afirmações e montagens que alegam ser de um Carnaval as fotos do protesto realizado contra o candidato Jair Bolsonaro (PSL) no Largo da Batata, em São Paulo, no sábado, 29 de setembro, e que estão circulando em grupos de WhatsApp e nas redes sociais, como o Facebook. As mensagens usam uma reportagem com uma foto antiga do Estadão sobre o Carnaval realizado no local em 2017. Uma versão do boato faz uso de uma manchete da Gaúcha ZH sobre o protesto, mas substitui a foto original por uma antiga, estimulando a desinformação.

Algumas páginas que apoiam o candidato Bolsonaro apenas republicaram a reportagem do Estadão sobre o pré-carnaval de 2017, sob alegação de que veículos de comunicação usavam imagens daquela festa para ilustrar as novas reportagens sobre o protesto. Outra versão colocava lado a lado chamadas da reportagem já citada do Estadão, com a referência da data de fevereiro de 2017, junto a uma notícia da Gaúcha ZH, que traz informações sobre as manifestações contra Bolsonaro em todo o país, em setembro de 2018. Neste caso, a foto do carnaval – de autoria de Gabriela Biló, do Estadão – foi copiada e colada na chamada do protesto. Ela mesmo publicou uma foto da manifestação do último sábado em seu Instagram. Esta não é a mesma foto escolhida para ilustrar a reportagem da Gaúcha ZH: o jornal usou uma foto de autoria de Miguel Schincariol, distribuída pela AFP, feita no sábado, dia 29 de setembro de 2018.

Há semelhanças entre as duas imagens: elas foram feitas no mesmo local, o Largo da Batata, em São Paulo, e mostram a vista aérea com uma multidão. Porém, há diferenças que mostram que as imagens não foram feitas no mesmo dia. Na fotografia do Carnaval, há mais guarda-sóis e, inclusive, uma roda-gigante ao fundo da imagem. Já a imagem do protesto tem menos guarda-sóis, não há roda-gigante e é possível perceber bandeiras de partidos políticos e uma bola azul.

A roda-gigante foi instalada em 2017 somente durante o carnaval, precisamente no dia 18 de fevereiro, no contexto de ação de marketing da marca de cerveja Skol. As fotos do último fim de semana, portanto, não mostram a atração de 21 metros de altura.

Outra diferença entre as duas imagens é a existência de um grafite na lateral de um prédio da região – está na foto do protesto, mas não existia em 2017.

O Comprova teve acesso aos metadados do arquivo original de Miguel Schincariol e pôde verificar a data original em que a foto foi realizada: 16:28 do dia 29 de setembro de 2018.

Contatada pelo Comprova, a fotógrafa Gabriela Biló, autora da foto da manifestação que foi distribuída pela Estadão no último sábado e também da foto durante o carnaval de 2017, explicou a situação. O ponto de onde a foto foi tirada é a casa de uma residente. É um local já conhecido e utilizado frequentemente por ela e para tirar fotos panorâmicas do Largo da Batata. No último sábado, enquanto ela entrava no edifício, Miguel Schincariol, autor da foto veiculada pela AFP, a viu entrar e pediu para subir também. Com eles também estava a fotógrafa Carla Carniel.

Usuários nas redes sociais compartilharam a foto do Estadão. O perfil de Geovani Campelo no Facebook, por exemplo, obteve 2,9 mil reações, 1,3 mil comentários e 32 mil compartilhamentos até a tarde de 1º de outubro. Além disso, algumas páginas viralizaram a desinformação utilizando imagens aéreas do telejornal SPTV (TV Globo), como a Papai Noel, que alcançou 25 mil visualizações, 1,5 mil pessoas compartilhamentos e 69 comentários. Já a página O Congressita alcançou 217 mil visualizações, 681 comentários e 8,8 mil compartilhamentos com a mesma estratégia.

O Estadão, o Gaucha ZH e o Fato ou Fake também verificaram e constataram a desinformação disseminada na web.

Esta verificação foi feita pelas redações da Gazeta do Povo, SBT, AFP e Estadão.

 

Compartilhar
PUBLICIDADE