Artéria do Paraná é uma série especial que mostra a importância da infraestrutura rodoviária para o desenvolvimento do país.
Estradas são principal meio de transporte de safras na agricultura paranaense
Mais da metade da produção de grãos do Paraná escoa pela malha rodoviária; estradas paranaenses são estratégicas também para exportações de estados do Sul e Centro-Oeste.
Roberta Canetti, especial para o GPBC
Investimentos em transporte rodoviário
O Paraná foi o segundo estado brasileiro com mais investimentos no setor, atrás apenas de São Paulo.
Uma safra de grãos recorde: previsão de produção de 24,5 milhões de toneladas de soja, milho e feijão no Paraná, de acordo com a última avaliação feita pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab). Com a expectativa de um inverno menos intenso e menos agressivo que o do ano passado, o estado deve fechar 2017 com uma safra total próxima a 42 milhões de toneladas. Nacionalmente, a previsão também é bastante positiva: 230 milhões de toneladas de grãos, uma considerável expansão de mais de 25% em relação à safra do ano passado, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O desempenho do setor, que parece imune à crise econômica, começa a movimentar as rodovias do Paraná, importante corredor de escoamento de safras não apenas do estado, mas também de outras regiões do país, rumo aos principais centros consumidores e também aos canais de importação e exportação. Somente as exportações de soja, responsável por quase um quarto das vendas para o exterior paranaenses, cresceram mais de 20% no primeiro trimestre de 2017 em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. O volume representa quase US$ 1 bilhão em exportações.
Mais da metade da produção de grãos do Paraná (56%) é enviada para exportação por veículos pelas rodovias do estado. Além disso, a maior parte da produção agrícola da Região Sul e de estados produtores do Centro-Oeste escoa pela malha rodoviária paranaense em direção ao Porto de Paranaguá. Ao todo, cerca de 80% da soja embarcada em Paranaguá chega por vias rodoviárias.
Estradas do Paraná são as melhores da região Sul, segundo pesquisa
A pesquisa anual de rodovias feita pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2016 mostrou que o Paraná tem a melhor malha rodoviária da região Sul. Das rodovias do Estado, 45,4% foram consideradas ótimas ou boas, contra uma média de 40,7% na região. A CNT avaliou 6,2 mil quilômetros de rodovias no PR.
Embora tenha uma infraestrutura de transportes considerada entre as melhores do país, o setor produtivo do agronegócio do estado cobra investimentos em manutenção e melhorias de rodovias importantes para o escoamento da produção agropecuária.
“Nosso anel central tem rodovias que precisam urgentemente de duplicação. Estradas como a que liga Pato Branco a União da Vitória e outros trechos com movimentação de cargas que justificam um investimento maior em obras que facilitem o deslocamento de cargas”.
Para a Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), há carência de infraestrutura, especialmente nas rodovias de acesso ao Anel de Integração. “Temos uma safra recorde e só conseguimos escoá-la graças à qualidade das rodovias pedagiadas do Anel de Integração. As rodovias estaduais passaram por melhoria nos últimos dois anos com investimento de cerca de R$ 800 milhões. Porém, as federais precisam de atenção urgente”, argumenta o presidente da entidade, Sérgio Malucelli.
Dados da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) confirmam que o Paraná investiu mais de R$ 1 bilhão em transporte rodoviário em 2016. Foi o segundo estado brasileiro com mais investimentos no setor, atrás apenas de São Paulo. O volume de gastos do estado vizinho foi de R$ 3,85 bilhões. Santa Catarina aparece na terceira posição com R$ 896 milhões. Apesar da colocação de destaque do Paraná nesse ranking, o engenheiro civil especialista em infraestrutura e logística Mário Stamm avalia que é preciso avançar.
“A infraestrutura está defasada. No Brasil, as coisas acontecem num ritmo muito lento. No Paraná não é diferente. Além de ampliar a atual estrutura de modais de transporte, é preciso integrá-los”.
Os investimentos considerados pela STN somam recursos públicos e privados. As limitações do poder público para investir em infraestrutura de transportes têm justificado as ações do governo federal para ampliar as parcerias com a iniciativa privada e retomar investimentos. O Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), em discussão no Congresso Nacional, foi criado com o objetivo de estabelecer um novo fluxo de decisões para definir as prioridades dos projetos que serão executados por meio de concessões, parcerias público-privadas e privatizações.
Governo anunciou recentemente pacote de R$ 2,3 bilhões em intervenções
Em âmbito estadual, o governo do Paraná segue a mesma linha, de ampliar concessões para obras de melhorias nas estradas. Em março, foi anunciado mais um pacote de licitações. O investimento de R$ 2,3 bilhões em intervenções nas rodovias paranaenses é destinado principalmente à manutenção de trechos das estradas. Segundo o secretário da Infraestrutura e Logística do Paraná, José Richa Filho, este é o maior pacote de licitações para conservação rodoviária da história do estado. “Nosso orçamento anual em infraestrutura aumentou cerca de 10% em relação à gestão anterior. O nosso produtor rural e as nossas indústrias merecem isso. Eu digo que da porteira para dentro, do galpão para dentro, somos campeões. Cabe a nós fazer a nossa parte”, diz.
O governo do Paraná afirma que foram aplicados apenas em duplicações de rodovias estaduais cerca de R$ 2 bilhões desde 2011. Os trechos duplicados somam 500 quilômetros. “Temos um pacote robusto de duplicações já realizadas ou em andamento”, afirma o secretário, citando trechos como da PR-323, entre Maringá e Paiçandu; a PR-445, entre Londrina e Cambé; e a BR-376, entre Ponta Grossa e Apucarana. Para Richa, o investimento em infraestrutura é fundamental como indutor da economia. “No Paraná, nossa preocupação com o equilíbrio fiscal permitiu fazer os investimentos necessários”, conclui.
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