Artéria do Paraná é uma série especial que mostra a importância da infraestrutura rodoviária para o desenvolvimento do país.
Porto de Paranaguá bate recorde em comércio exterior e é indutor direto no desenvolvimento da economia paranaense
Gestão focada no cliente e investimentos fizeram com que Paranaguá se consolidasse como o maior porto graneleiro da América Latina.
Murilo Basso, especial para o GPBC
Portos pelo mundo
Motores do desenvolvimento econômico, os portos geram empregos, ganhos para as empresas e maior rentabilidade em suas regiões, melhorando a infraestrutura local.
A teoria econômica se refere aos portos como importantes geradores de desenvolvimento econômico; ideia essa articulada do ponto de vista histórico: boa parte das grandes metrópoles são portuárias, como Xangai (China), Cingapura, Dubai (Emirados Árabes) e Los Angeles (Estados Unidos), todas entre os 20 maiores portos do mundo.
O argumento que melhor define a importância dos portos para o desenvolvimento é que eles expandem as oportunidades de mercado de players nacionais e internacionais: ao ampliar a área de atuação das empresas, também aumentam a concorrência, que resulta em preços menores e maior competitividade.
Autor do livro Port Economics (2009, ainda sem tradução no Brasil), Wayne K. Talley relata que os portos são “motores ao desenvolvimento econômico regional: geram empregos, ganhos para as empresas e, consequentemente, maior rentabilidade em suas respectivas regiões”. O desenvolvimento local é outro ponto destacado por Wayne: “A qualidade dos serviços e a melhora da infraestrutura local é uma consequência dos investimentos”.
De qualquer forma, a história mostra que benefícios surgem a partir da manutenção e expansão das operações portuárias, semelhante ao que tem sido desenvolvido em Paranaguá.
O Porto hoje
Gigante parnanguara
O Porto de Paranaguá tem batido sucessivas marcas. Nos últimos seis anos, o recorde de movimentação foi quebrado em todos os primeiros trimestres; de janeiro a março de 2017, ele operou 11,67 milhões de toneladas, 77 mil toneladas a mais do que no mesmo período do ano passado. O volume significa um crescimento de 40% nas operações desde 2011.
Movimentação no Porto de Paranaguá
O Porto de Paranaguá tem batido sucessivas marcas. Nos últimos seis anos, o recorde de movimentação foi quebrado em todos os primeiros trimestres; de janeiro a março de 2017, ele operou 11,67 milhões de toneladas, 77 mil toneladas a mais do que no mesmo período do ano passado. O volume, segundo a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), significa um crescimento de 40% nas operações desde 2011.
Da produção paranaense de grãos, mais da metade (56%) é enviada para o Porto de Paranaguá para exportação por transporte rodoviário. O terminal marítimo recebe pela malha rodoviária paranaense a maior parte da produção agrícola da Região Sul e do Centro-Oeste. Cerca de 80% da soja embarcada por Paranaguá chega por vias rodoviárias.
A soja, inclusive, é uma das operações com crescimento mais significativo nos últimos seis anos, com 3,3 milhões de toneladas embarcadas e 17% de aumento; a movimentação geral de óleo diesel, com 668 mil toneladas e 70% de crescimento; a exportação de 25 mil veículos, registrando alta de 62%; e a importação de fertilizantes, que chegou a 2,92 milhões de toneladas e 18% de aumento completam a lista.
“A produção agrícola nacional, em especial a de soja, bate recordes ano a ano. Entretanto, a fronteira de expansão agrícola brasileira está, de maneira geral, bastante afastada da orla, estando concentrada nas regiões do Centro-Oeste, entre os estados de Mato Grosso do Sul e Goiás, mas se expandindo até o Norte em direção ao Tocantins e ao Maranhão”, analisa o economista Diego Altafini, pesquisador do programa de Planejamento Urbano da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
“Dada a proximidade regional com os maiores centros produtores nacionais, e estando geograficamente melhor localizado para a exportação à nível mundial, o Porto de Paranaguá se torna estratégico para a dinâmica de exportações, consistindo na ponta final de um corredor de desenvolvimento agrícola ainda em expansão”.
Para o Paraná, a presença de um Porto de importação e exportação desta magnitude é uma grande oportunidade para o desenvolvimento econômico regional, visto que a expansão da movimentação do Porto é responsável pela criação de uma série de empregos diretos e indiretos, voltados ao setor de serviços e logística, gerando um incremento importante no montante de renda circulando no Estado.
Outro fator que amplia possibilidades de crescimento e desenvolvimento da indústria paranaense com a indústria paulista, voltada à exportação de produtos com maior valor agregado.
Recuperação
Todo este cenário que se desenha só foi possível graças a um projeto de reestruturação iniciado em 2011. “Naquela época, a situação era tão dramática que precisávamos resgatar a credibilidade da instituição junto aos clientes, entidades e federações”, relembra Luiz Henrique Dividino, diretor-presidente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina.
Foi então traçado um planejamento em conjunto com a sociedade de Paranaguá, para que o Porto voltasse a ter uma boa imagem. Dividino afirma que 100% do planejamento original já foi cumprido, colocando em prática um modelo de gestão que tem como objetivo atender ao cliente final. “Se ele estiver satisfeito, se ele tiver um fluxo de transporte de carga adequado, se os custos forem razoáveis, o cliente inevitavelmente nos escolherá”, diz.
Motor para o desenvolvimento: parcerias público-privadas
Os números mostram que o Porto de Paranaguá se consolida como entreposto fundamental para o desenvolvimento econômico do Paraná e até do Brasil: o aumento na movimentação o coloca como o maior porto exportador de produtos agrícolas do Brasil, o maior porto graneleiro da América Latina e o segundo maior porto do Brasil em volume geral. A estimativa de movimentação de cargas pelo corredor de exportação do Porto é de 27 milhões de toneladas para 2017 - se confirmada, será um desempenho 8% acima do volume verificado em 2016.
Para continuar crescendo, porém, os investimentos precisam continuar: nos últimos cinco anos, o volume de aportes públicos e privados no porto alcançou R$ 2,5 bilhões. Isso fez com que o Porto de Paranaguá saísse da 26ª posição para a 3ª no Índice de Desempenho Ambiental da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq); na prática, é o primeiro porto público no ranking. A expectativa da Appa é que os investimentos alcancem até R$ 10 bilhões nos próximos anos.
A própria Appa prevê investimentos de R$ 400 milhões até 2019, mas conta também com parcerias estratégicas com a iniciativa privada; em Paranaguá, a parceria público-privada (PPP) é algo consolidado desde 1993: operações são realizadas pela iniciativa privada, o governo fornece a infraestrutura de acesso e, através de licitações, também oferta concessões para ampliar investimentos. “A PPP na área portuária é fundamental e vem, ano a ano, se aperfeiçoando, sempre no sentido de melhor atender o escoamento das cargas, seja na importação ou na exportação”, diz Dividino.
A TCP, empresa que administra o Terminal de Contêineres de Paranaguá, um dos maiores terminais de contêineres da América do Sul, é uma das empresas que aposta nesse modelo. O setor, aliás, comemora o decreto assinado no início do mês, que busca desburocratizar e flexibilizar operações, concessões e arrendamento dos portos brasileiros, entre outros dispositivos.
“Processos de investimentos serão agilizados, possibilitando renovações de contratos de arrendamentos já existentes para até 70 anos. Estimamos que para os próximos anos irão surgir investimentos além dos que estavam previstos. Nós, inclusive, vamos estudar novos investimentos”.
“Terminamos um ciclo de investimentos de R$ 365 milhões e estamos iniciando outro de R$ 550 milhões. Estamos fazendo a ampliação do cais. Acreditamos no Brasil e na influência que o Porto tem na economia brasileira, que a cadeia produtiva que está atrelada ao nosso porto não irá parar de crescer: Paranaguá não fica atrás de nenhum porto brasileiro. E, no caso dos contêineres, nossos níveis de produtividade são os mesmos da Ásia, Europa e dos EUA”, conclui.
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