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O prejuízo por não investir em plano de saúde vai muito além da conta financeira
Operadora pode atuar como parceira das empresas para instituir programas de prevenção.
Inúmeras pesquisas patrocinadas por empresas, universidades ou órgãos de saúde tentam medir o retorno financeiro dos investimentos em saúde do trabalhador. Uma delas, do Instituto para Estudos em Saúde e Produtividade da Emory University, aponta que cada dólar investido em programas de qualidade de vida gera retorno médio de US$ 4,70 para a empresa com redução de custos médicos, faltas ao trabalho, entre outros. A complexidade de se medir o que é um investimento em saúde impede dados mais precisos.
Os dados relativos à realidade brasileira são semelhantes. Gerente Executivo de Qualidade de Vida do Sesi-SP, Eduardo Ferreira Arantes mediu o Retorno Sobre o Investimento (ROI – do inglês) de ações específicas em empresas, como programas de controle da hipertensão, ou de saúde mental. Em uma empresa com mais de 800 funcionários, ele aponta que cada R$ 1 investido na imunização de toda a equipe contra a influenza (gripe) representa um retorno de R$ 3,50, com a redução de custos médicos, custos trabalhistas e previdenciários, absenteísmo e produtividade.
Para o presidente da Associação Paranaense de Medicina do Trabalho (Apamt), Guilherme Murta, no entanto, a tentativa de se buscar uma equação direta para medir o retorno do investimento pode apresentar resultados irreais, simplistas.
“Penso que há inúmeras outras maneiras de demonstrar a eficiência e eficácia da implementação das boas práticas em saúde corporativa, que além do potencial verídico de retorno em saúde e bem-estar, tem grande potencial para consequências financeiras positivas”, diz.
“É importante proceder ao mapeamento epidemiológico de saúde antes e depois das ações. Medir também o absenteísmo (índice, taxas de frequência e de gravidade), o percentual de efetivação dos exames periódicos, engajamento, percepção da imagem da empresa, sinistralidade em saúde suplementar, turnover, entre tantos outros”, acrescenta.
Para ele, apesar da busca mundial por uma equação que consiga medir tal retorno, a situação é variável de acordo com a necessidade e a realidade de cada empresa.
“Entendo que investir em estudar profundamente a realidade corporativa (única para cada empresa), ainda que com ajuda informatizada, é trabalho artesanal e peculiar. Não há como propor soluções seriadas para múltiplas corporações”, afirma.
“Após colocar-se a par de múltiplos fatores de uma empresa e conversas com o contratante sobre os propósitos almejados é que um profissional gabaritado (tanto pela técnica acadêmica, quanto por experiência) pode encontrar oportunidades de melhoria que devem ser demonstradas de forma transparente e realista. Acredito ser este o caminho provável para implementar e ser bem-sucedido em programas de saúde e bem-estar sustentáveis e que tragam reais benefícios não só para os colaboradores, mas também para a empresa”, conclui.
O PLANO DE SAÚDE NA CONTA
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A adequação do investimento em saúde do trabalhador e seu retorno financeiro para a empresa passam, na visão do presidente da Apamt, pela oferta de um plano de saúde adequado à realidade da empresa e à necessidade dos funcionários.
“O plano de saúde é sim um benefício ofertado pela empresa a seus colaboradores, mas, se bem gerido, pode ser muito mais que isso: pode ser uma ferramenta de promoção de saúde que, se bem aplicada, pode até dar retorno”, explica.
Para ele, a empresa precisa ter uma equipe técnica qualificada para atuar junto à operadora contratada, identificando as principais demandas, as situações mais comuns às quais os funcionários recorrem à assistência médica, para instituir programas de prevenção, de acompanhamento de doenças crônicas e de promoção à qualidade de vida capazes de reduzir a sinistralidade do plano contratado. “Se não, ele só vai receber relatório da operadora e discutir reajuste. A melhor estratégia é a composição de uma gestão integral em saúde corporativa, que se baseia em saúde ocupacional, programas de qualidade de vida, e gestão técnica da sinistralidade do programa de saúde suplementar. Esses são os três pilares para uma gestão bem sucedida em saúde ocupacional”, conclui.
Murta relata que é comprovado que o funcionário amparado por plano de saúde procura mais a assistência médica preventiva, evitando ou tratando antes eventuais complicações o que diminui a gravidade dos casos, os dias afastados e o custo com tratamento, por exemplo.
O médico do trabalho cita que a empresa pode fazer mais que apenas oferecer a cobertura. Na empresa onde trabalha, conta, foi disponibilizado, nas próprias instalações um ambulatório de medicina da família exclusivo para colaboradores e dependentes vinculados ao plano corporativo, o que aumentou a procura por consultas preventivas e diminuiu a busca por especialistas, reduzindo o custo com o plano.
“A gente adequou o produto, vendo as necessidades dos funcionários e as possibilidades da empresa, de uma forma que subimos de 43% para 85% a adesão dos funcionários ao plano de saúde e isso, por incrível que pareça, representou redução nos custos da empresa com o plano de saúde, pois diminuímos a sinistralidade e consequentemente, o custo por vida”, contou.