Ferrovia 130 anos

Paranaguá - Curitiba
Foto: Jonathan Campos/GP

Galeria de Fotos

Reportagem: Leandro Luiz dos Santos.

Para os amantes da fotografia a estrada de ferro Paranaguá-Curitiba é um deleite, quer seja pelas paisagens naturais ou pelas ousadas obras de engenharia. Uma coisa é fato: desde a época de sua construção ela atraiu os olhares apurados dos fotógrafos.

Marc Ferrez

Um dos primeiros a ser seduzido foi Marc Ferrez, que fez registros da época da construção da ferrovia. Ferrez era brasileiro, filho de franceses que vieram para o Brasil com a Missão Artística Francesa no início do século 19. Ele tinha preferência em fotografar paisagens e em 1875 entrou para a Comissão Geológica do Império. O fotógrafo produziu fotos para o álbum Estrada de Ferro do Paraná que foi dado de presente ao imperador D. Pedro II pelo engenheiro Pereira Passos, representante da companhia francesa que construiu a ferrovia Paranaguá-Curitiba. Marc faleceu no Rio de Janeiro em 1923. Confira os retratos da construção da estrada de ferro:

Max Kopf

No final do século 19 as lentes do fotógrafo alemão Max Kopf capturaram uma ferrovia já em pleno funcionamento.. Kopf nasceu na Alemanha em 1875, posteriormente imigrou para o Brasil fixando-se em Curitiba. Além de fotógrafo profissional, o alemão era apaixonado por futebol, em especial pelo Coritiba, acompanhando os jogos do time desde sua fundação em 1909. O mascote do Coritiba, o “Vô Coxa”, representa Max Kopf, torcedor-símbolo do time na primeira metade de sua história. O fotógrafo faleceu em Curitiba em 1956. Conheça os registros de Kopf, destaque especial para os trabalhadores da ferrovia e para as comunidades que começavam a surgir na beira dos trilhos:

Arthur Wischral

Arthur Wischral, filho de alemães, nasceu em 1894 e ao longo de uma carreira de 50 anos registrou momentos marcantes do desenvolvimento do Paraná. Iniciou a carreira como repórter fotográfico na década de 1910, produzindo trabalhos em Santa Catarina, Rio de Janeiro e Bahia. A Rede de Viação Paraná-Santa Catarina (RVPSC) contratou o fotógrafo para documentar as atividades da ferrovia. Algumas das mais belas fotos da estrada de ferro Paranaguá-Curitiba são de Wischral. Ele não tinha receio de escalar montanhas, entrar em túneis ou ficar à beira de precipício à espera do “click” perfeito, o que aparentemente sempre conseguia. Dentre as inúmeras fotos ferroviárias produzidas por Arthur estão as que registraram as comemorações dos 50 anos da estrada de ferro Paranaguá-Curitiba em 1935, confira:

Dois alemães nos trilhos da ferrovia Curitiba – Paranaguá


Key Imaguire Junior. Arquiteto; Professor aposentado da UFPR na disciplina Arquitetura Brasileira; Doutor em História das Ideias.

“A caminho do litoral Paranaense” – no original, “Unterwegs im Paranaenser Littoral” é um documento precioso como poucos. Claramente, produzir um registro durável foi a intenção de seu autor, o engenheiro Hugo Hegenberg. Numa caligrafia primorosa, escreveu um texto em alemão – e alguns desenhos – sobre papel vegetal ou similar, e fez cópias – não sei quantas – em papel fotográfico de alta gramatura. Desenhou caprichosas margens nas 29 folhas e colou dentro delas as fotos do companheiro de viagem Arthur Wischral, um clássico paranaense. Este contribuiu para o relato com 37 fotos perfeitas, no formato tradicional 10 X 15. Foi feita encadernação em couro, com intercalação de folhas de papel cristal e guardas floridas em verde e amarelo. Apesar dos cuidados, há enganos evidentes na numeração das fotos e das páginas – ou estas saíram do lugar certo por artes do encadernador...

A viagem foi no feriadão de Finados de 1929. Partem os viajantes da Estação Ferroviária da Praça Eufrásio Correa, passam Porto de Cima e descem do trem em Morretes. No outro dia, caminham pelos trilhos até Antonina, onde dormem em camas despachadas de Curitiba. Um dia e meio é dedicado a Antonina, e à tarde, embarcam de volta no trem para Curitiba.

O autor conta, evidentemente, com a competência do companheiro de aventura, e não faz muitas descrições. Mas algumas cenas despertam sua atenção: a busca de água na fonte, a travessia de canoa do Nhundiaquara para ir à missa, a visita à fábrica de papel de Morretes.

Selecionamos a seguir dez das fotos mostrando aspectos que, sem o registro fotográfico, estariam definitivamente perdidos.

Relatório das obras da Estrada de Ferro do Paraná

Confira a seguir o relatório das obras da construção da ferrovia Paranaguá-Curitiba. O documento foi apresentado pelo engenheiro Christiano Ottoni em 14 de março de 1885, passado pouco mais de um mês da viagem inaugural realizada em 2 de fevereiro. No relatório, o engenheiro especifica os trabalhos realizados em cada uma das três seções da estrada de ferro. O documento faz parte do acervo do Arquivo Público do Paraná.