Entre a desdita e o destino: as histórias da segunda rodada da Copa

O Velho faz um breve recorte do que houve de mais relevante e curioso nessa segunda volta do Mundial

Compartilhe

Caros amigos, eu vos trago um pouco de aflição. Me perdoem por ser portador de notícias duras, mas não posso enganá-los: já estamos na metade da Copa do Mundo.

Dos 64 jogos do Mundial, 32 já foram. E digo mais: a mamata de assistir 3 jogos por dia, sempre um de cada vez, termina por aqui também. De hoje em diante, começa a série de jogos simultâneos pra decidir a classificação dos grupos – uma solução justa para o jogo, mas doída para a torcida. A ideia vem desde 1986, depois do famigerado Jogo da Vergonha entre Alemanha Ocidental e Áustria, que, em 82, ficaram 80 minutos tocando bola no meio de campo pra eliminar a Argélia, que havia jogado antes.

Ora pois, ao cabo da segunda rodada, o Velho parou para uma análise do que sucedeu até aqui, entre o 6º e 11º dias de Copa.

 

O artilheiro econômico

Harry Kane, que tem o feliz apelido de Hurrikane na Inglaterra, é o artilheiro isolado da Copa do Mundo. São 5 gols em dois jogos, uma marca abissal num torneio dessa envergadura. E todos eles guardam uma coisa em comum: aconteceram depois de um único toque na bola. Não houve drible, tabela, jogada ensaiada – nada. Foram todos frutos da frugal arte de empurrar a bola para dentro.

O primeiro tento, contra a Tunísia, foi de rebote. O segundo, de cabeça. Contra o Panamá, o foram dois de pênalti e um completamente acidental, com a bola batendo nele e entrando inapelavelmente.

Um atacante perdulário nos números, mas sovina na hora de bater na bola.

 

O primeiro gol do Panamá

O Panamá viveu outro momento sublime no Mundial. Depois de ouvir o hino do país tocar pela primeira vez, com choro de Román Torres, agora o onze panamenho marcou o primeiro tento do país em Copas. A surra era já larga quando Felipe Baloy, que passou pelo Atlético-PR, pulou numa bola com o vigor que só tem quem quer fazer história: com um carrinho, empurrou a bola para o fundo das redes do English Team e patrocinou uma das festas mais bonitas nas bancadas da Rússia.

Os panamenhos berravam numa histeria incontida, saltavam numa algazarra imensa e faziam um carnaval fora de época. Era como se a goleada não fosse contra, mas a favor. Foi quando um gol falou mais alto do que seis.

 

Quem não tem Messi, caça com Musa

Com Messi ainda não tendo desembarcado na Rússia por problemas fiscais ou de alguma ordem alfandegária, sabe-se lá, a Argentina encontrou em Musa um outro herói. O camisa 7 da Nigéria fez o que o 10 albiceleste não conseguiu: derrotou, sozinho, a Islândia.

Foram dois belos gols – desses que se espera dos craques, com a crueldade de driblar o goleiro e tudo – e ainda, de sobra, mandou uma bola no travessão, flertando com um triplete. Uma atuação de luxo, que não só manteve a Nigéria viva como também, por misericórdia da tabela, deixou a própria Argentina seguir sonhando, mesmo com um minguado pontinho na tabela.

 

Uma pequena desdita

Na Inglaterra, quase tão forte quanto o futebol em si são as apostas em torno do jogo. E elas vão muito além do resultado. A jogatina passa por quem vai fazer o gol, como será o lance, com qual dos pés, se de cabeça, peito ou barriga e por aí vai. Pois um torcedor casou um dinheiro bom em uma combinação de acontecimentos: o México venceria a Coreia do Sul por 2 a 1; Lukaku marcaria dois gols pela Bélgica contra a Tunísia; e Kroos, da Alemanha, faria um gol de fora da área contra a Suécia. Os dois primeiros resultados vieram e os mais de R$ 25.000 de prêmio pareciam possíveis. Mas ainda faltava o gol do camisa 8 alemão.

Pois eis que aos 50” do segundo, como o mundo todo viu, a Alemanha teve uma falta à feição para o chute de longe. Kroos mandou aquele que talvez seja o gol mais penoso da Copa até aqui: um balaço no ângulo do arqueiro sueco. E quando o apostador já contava o dinheiro, a cínica surpresa: Timo Werner tocou a bola primeiro e a colocou centímetros dentro da grande área. Um movimento que custou ao pobre apostador quase 6 mil libras esterlinas.

 

Enfim, uma virada

A Sérvia, próximo adversário do Brasil, foi o primeiro time a dormir com o cachimbo na boca e derrubar o fumo: levou a primeira virada da Copa do Mundo depois de 26 jogos em que quem abria o placar vencia ou, no mínimo, empatava. Os sérvios começaram batendo a Suíça por 1 a 0, tiveram chance de ampliar, mas acabaram sucumbindo: 2 a 1 e duas comemorações políticas dos albano-kosovares Xhaka e Shaqiri.

 

Distraídos perderemos

Nesse mesmo Sérvia vs Suíça tivemos a primeira cochilada do VAR. Aconteceu já na segunda metade do jogo quando Mitrovic subiu – ou tentou subir – entre dois zagueiros para cabecear. Com o jogo ainda empatado, o avante sérvio foi completamente agarrado pelos dois beques. Um lance acintoso que o apitador deixou seguir e o VAR, meio distraído, não interferiu e a Sérvia perdeu o jogo.

 

Raro prazer sul-americano

Só agora, no apagar das luzes da segunda rodada da Copa do Mundo, é que uma seleção da América do Sul conseguiu, enfim, bater uma da Europa. E foi com juros e correção monetária na excelente vitória da Colômbia contra a Polônia, por 3 a 0. Antes disso, foram 5 jogos, com dois empates (Argentina 1 x 1 Islândia e Brasil 1 x 1 Suíça) e três derrotas (Peru 0 x 1 Dinamarca, França 1 x 0 Peru e Croácia 3 x 0 Argentina).

 

Destino, irônico destino

Gostem os senhores ou não, a fortuna está querendo preparar um Brasil vs Alemanha logo na próxima fase do torneio. Vejam vocês a perversidade dos roteiristas do futebol: ainda temos todas as feridas do 7 a 1 abertas, escancaradas e já querem nos pôr frente a frente com nossos algozes. Estamos até agora no divã, dissecando aquele jogo, tomando coquetéis de Rivotril, Lexotan e Frontal, afundando a boca em aguardente e outras bebidas amargas pra ver se a resposta está no fundo do copo. Não é ainda hora de vermos do lado de lá do campo homens com mais consoantes do que vogais nos nomes.

Contudo, a tabela, essa sórdida compositora de destinos, não liga para a nossa moléstia. E pelo andar da carruagem, com a Alemanha se mantendo viva na bacia das almas e o México liderando com folga, temos chances reais de pegar os alemães e seus canhões logo nas oitavas.

Pelo Twitter, fiz uma rápida enquete e perguntei como o povão se sentia com relação a isso. E eis que a turma tem mais gosto de vingança do que medo de sofrer de novo. Dos 491 votos, 68% querem mesmo encarar o time de Löw pela vendeta enquanto 32% temem um novo atropelo. Brasileiro, um intrépido.

 

 

Que seja servido aquilo que o destino trouxer. Uma camisa do peso da nossa não pode escolher adversário. Mas a verdade, a doída verdade, é que esses choros em campo, esse desequilíbrio emocional funesto, é um filme que já vimos antes.

 

Acompanhe a Copa do Mundo com o Velho pelo Twitter e participe do grupo de WhatsApp da Gazeta do Povo.

 

WhatsApp da Copa do Mundo 2018

A Copa do Mundo 2018 no seu celular. Você pode receber mensagens instantâneas, via WhatsApp, para ficar bem informado sobre tudo o que vai acontecer no Mundial da Rússia, com início dia 14 de junho. Para receber diariamente as principais notícias da Copa e da seleção brasileira é muito fácil. Basta seguir os passos abaixo. É simples. Junte-se a nós na Copa do Mundo. As notícias serão enviadas do portal do Gazeta do Povo. Seja bem-vindo ao nosso grupo!

A cobertura da Copa no seu celular

  1. Adicione nosso contato (05541999573379) na sua agenda
  2. Mande-nos um whatsapp com a palavra COPA
Adicionar contato

  1. Baixe o app de mensagens Telegram no Google Play ou na App Store
  2. Clique e entre no canal da Gazeta do Povo no Telegram:
Entrar no canal
  • Pronto! Você receberá as notícias da Copa do Mundo gratuitamente no seu celular

Leia também

 >> TABELA DA COPA: confira os jogos, datas e grupos

 >> Simulador do campeão da Copa do Mundo 2018 na Rússia

>> Copa do Mundo: serviço de TV, agenda de jogos e notícias

 

Blogs