O Youtube censura e o Sleeping Giants comemora 

Queremos oferecer um debate mais amplo sobre o passaporte da vacina 

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Nas últimas semanas, o tema da criação de um “passaporte da vacina” esquentou no Brasil. O Senado aprovou um projeto sobre o assunto na semana passada e o tema agora será avaliado pela Câmara. 

O passaporte vacinal, na prática, seria um certificado que poderia ser exigido em determinadas situações. Se transformado em lei, esse projeto permitirá que autoridades criem, por exemplo, restrições para que pessoas não vacinadas entrem em espaços públicos. 

O assunto é polêmico justamente por causa da abrangência das restrições. Liberdades individuais seriam grandemente afetadas – inclusive a opção de um indivíduo não tomar a vacina se não quiser. 

Assim, seria normal que você encontrasse muitas opiniões divergentes por aí. Mas pode ser que não. Um alerta concreto apareceu nesta quarta-feira (16), quando o Youtube vetou a publicação de um vídeo sobre o assunto produzido pelo jornalista Guilherme Fiuza, que também é colunista da Gazeta. 

O veto à publicação foi comemorado pelo perfil do Sleeping Giants no Twitter – o mesmo que no ano passado tentou fechar a Gazeta do Povo com uma campanha para afugentar anunciantes. Eles parecem acreditar que o crivo da censura do Youtube é igual a algum selo de qualidade. O que você acha? 

Antes de entrar na questão do passaporte, gostaríamos de deixar clara a opinião da Gazeta sobre a vacinação. Em fevereiro, argumentamos que a vacina é a única saída para a vida voltar ao normal. E que a decisão de tomar a vacina “não é apenas uma questão individual, mas um pacto coletivo”. Por isso, a Gazeta apoiou uma campanha de estímulo à vacinação.  

O passaporte vacinal, no entanto, traz uma outra questão ética, que é a imposição de restrições a direitos individuais de quem não se vacinou. A Gazeta explorou o assunto em um editorial recente, argumentando que as restrições são desproporcionais em relação aos efeitos da recusa de uma pequena parcela de quem já pode se vacinar. 

“Havendo disponibilidade de doses, é preciso perseguir o objetivo de vacinar o maior número possível de pessoas no menor intervalo possível de tempo, disso não há dúvida. Mas não há como partir para proibições tão radicais sem que haja necessidade real – por exemplo, se a adesão à vacinação estiver abaixo do necessário para se chegar à imunidade de rebanho –, tampouco sem que outras alternativas tenham sido testadas, inclusive benefícios para os vacinados, em vez de punições aos não vacinados.” 

Você pode ler o texto completo aqui. 

É por acreditar no poder da liberdade individual de decidir pelo que é melhor para si e para o bem comum, que a Gazeta não vê como a melhor saída a imposição imediata de um “passaporte vacinal” baseado em restrições. Há outros caminhos. 

A defesa da liberdade aqui também se manifesta de outra maneira. Somos um dos poucos lugares onde o questionamento aos projetos do gênero encontra espaço. 

Você pode ler aqui a última coluna do Guilherme Fiuza na qual ele se opõe à criação do passaporte. É a opinião dele e, com certeza, você terá a sua, muito bem-vinda na nossa área de comentários. 

Outros colunistas escreveram sobre o tema. Alexandre Garcia fala dos riscos de se criar uma “segunda classe” de cidadãos e explica que o presidente Jair Bolsonaro vetaria o projeto, caso passe pela Câmara. 

 E Franklin Ferreira fala da oposição a ideias do gênero no mundo religioso, tanto por questões de objeção de consciência quanto por colocar em risco o direito à liberdade religiosa de quem não tiver passaporte. 

Para dar um painel mais amplo de como o tema vem sendo tratado em vários lugares do mundo o repórter da Gazeta Rafael Salvi preparou uma reportagem sobre o assunto, disponível aqui. Um dos aspectos levantados é como garantir a segurança dos dados individuais sobre vacinação. 

Manter um espaço livre para o debate é um dos compromissos da Gazeta do Povo. Isso só é possível porque temos uma comunidade de assinantes que não quer ver só um lado dos fatos. 

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