Um dia sem Copa, que é pra ir se acostumando com a tristeza

Nem tudo está perdido nesse dia vadio. É um bom tempo pra pensar em como vai ser a vida sem o Mundial da Rússia

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Foi uma opulência até aqui. 48 jogos incessantes, um preso ao outro como que por um fio. 15 dias encarrilhados de futebol. Terminava um jogo, inaugurava-se outro. E acabava esse outro e, adivinhe, era já hora para mais um. Por esses últimos tempos, até simultâneos eles foram. Eram dois televisores ligados ao mesmo tempo, um na sala, outro na cozinha, que era pra dar conta de tanta fartura.

Mas hoje, não. Hoje não tem Copa do Mundo.

E é até bom que seja assim. Porque esse hiato, na verdade, é uma desaceleração cuidadosa do Mundial. Um gesto pensado, algo de misericórdia. Pra não morrer de repente lá no final, o torneio vai se desligando devagarinho. Uma morte programada.

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Das seleções que começaram, metade já voltou para casa. Já não tem mais Senegal e a sua torcida indefectível, nem tem mais os islandeses e seus gritos vikings. Salah, Kroos, Navas, Guerrero, Lewandowski. Todos em casa.

A Copa do Mundo está esfriando a nossa febre com doses de calmaria.

E repito: faz bem o Mundial em pensar assim. Porque não existe nada mais impiedoso e desalmado do que a separação abrupta, o fim súbito. Esse sossego de hoje pelos campos da Rússia é uma bem-vinda conduta para salvaguardar justamente o nosso emocional.

Então, caros amigos, aproveitem esse dia vazio, sem bola, para já ir imaginando como será a enfadonha missão de viver sem a Copa. Tirem o dia para isso.

Eu estarei no Bar do Maneko, entre um chope e outro, discutindo o que deu no Bicho e ouvindo meu bom amigo Passarinho assobiar: a tarde vadia vai mostrar como vai ser a vida pelos próximos quatro anos. E a minha, eu quero assim: perto dos amigos, da mesa e do copo.

 

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