Seleção brasileira é favorita, mas a Copa já deu sinais de que todo cuidado é pouco

As três últimas campeãs mundiais e as duas vices mais recentes não disputarão as quartas-de-final no Mundial disputado na Rússia, o que faz do duelo com o imprevisível México ainda mais perigoso

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Brasil x México. Obviamente o favoritismo do confronto é da seleção brasileira, mas a Copa do Mundo já mostrou em 2018 que todo cuidado é pouco. Antes mesmo de a bola rolar em gramados russos o alerta fora acionado quando Holanda e Itália sequer se classificaram, superados pela Suécia durante as eliminatórias. Continuou com as eliminações de Alemanha, Argentina e Espanha. Simplesmente as três últimas campeãs mundiais e as duas vices mais recentes não disputarão as quartas-de-final. Algo impressionante.

O time mexicano tem um ingrediente extra que pode ser perigoso: a ousadia de Juan Carlos Osorio. É uma equipe que, mais do qualquer outra na história do confronto, poderá se expor e expor o Brasil. Duelo de treinadores ocorrido em 2015 (Corinthians 1 x 1 São Paulo) e que colocará frente a frente a organização do metódico técnico brasileiro e as arriscadas sacadas do colombiano que comanda o selecionado asteca. “Temos a chance de enfrentar o melhor”, disse o “professor” do México, antes de prometer jogar “de igual para igual”. 

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Algo que na prática não passa de conversa. Na vitória (1 a 0) sobre a Alemanha, os mexicanos fizeram seu gol a 35 minutos de partida e se fecharam. Foram 66% de posse de bola para os germânicos, que finalizaram, sem sucesso, 26 vezes (nove no alvo), seis apenas com Kroos, cinco por intermédio de Draxler e três com Timo Werner. Mas o time de Osorio, bem trancado ante a artilharia alemã, que soube suportar, ainda assim agrediu, arrematando 13 vezes (quatro certas), cinco com Layún. Teve chances de ampliar e resolver o jogo mais cedo. 

É fato que dez dias depois o time de Osorio perdeu por 3 a 0 para a Suécia e só não foi eliminado graças à Coreia do Sul, que derrotou a Alemanha por 2 a 0. Isso mostra o quão inconstante pode ser o adversário do Brasil nesta segunda-feira. Impossível ter algo próximo de certeza quanto ao comportamento mexicano, se competitivo como na estreia neste Mundial, ou errático e vulnerável como em sua última aparição. Cenário que torna menos previsível o roteiro do duelo.

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Tite falando da atuação de Neymar contra a Sérvia parece vir de um universo paralelo. Foi a melhor partida do craque brasileiro na Copa, mas a anos-luz de seu máximo, como discursou o treinador. 

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A Espanha teve 78% de posse de bola. Mas finalizou apenas 12 vezes no tempo regulamentar, quatro nos instantes finais, já em quase desespero, número que dobrou na meia hora de tempo extra. A estéril troca de passes sem um rasgo de ousadia, um drible que rompa as cerradas linhas defensivas russas, resultou no empate em 120 minutos e na eliminação da campeã de 2010 ante a anfitriã. 

É hora de os espanhóis repensarem seu jogo e a estratégia. Por que trocar 1.056 passes diante da encolhida Rússia, somando 3.214 no Mundial (a Argentina, segunda do ranking, registrou 2.100) e não forçar o goleiro Igor Akinfeev a fazer uma grande defesa sequer, é a prova inequívoca de que o caminho não é mais este. Controle do jogo e do manejo da pelota sem agressividade compatível com aparente domínio. Não é mais o bastante. O futebol muda a todo instante.

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