Neymar mais coletivo e as lições de uma boa vitória que classificou a seleção brasileira
Brasil fez 2 a 0 na Sérvia em duelo no qual foi dominado em parte do jogo, passou sustos, mas saiu de campo classificado e com mais pontos positivos do que negativos para seguir na Copa do Mundo
Se você esperava da seleção brasileira uma atuação nota 10, provavelmente não ficou satisfeito com o que viu nos 2 a 0 sobre a Sérvia. Mas se a sua expectativa era pela classificação, de preferência com vitória e avançando como líder do grupo, certamente gostou do que a equipe de Tite apresentou em Moscou. Foi uma vitória nota 7, o bastante para passar de ano com folga e sem riscos. Nas circunstâncias, após o sofrimento argentino e a surpreendente eliminação alemã, não se deve desprezar o que os jogadores do Brasil conseguiram nesta partida.
O primeiro tempo foi de cautela recíproca. Os sérvios atacavam, afinal, precisavam vencer, mas eram tímidos nas conclusões, tanto que não houve um arremate na direção da meta de Alisson nos primeiros 45 minutos. Gabriel Jesus já havia ficado duas vezes em impedimento com três minutos de cotejo, matando dois ataques. O jogo aéreo do time europeu não surtiu efeito, e a saída de Marcelo no comecinho tirou parte do poderio ofensivo brasileiro. Nesse cenário, a partida se desenvolvia de forma cadenciada até demais, como se os dois times esperassem para tentar definir mais adiante.
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Até que o Brasil alcançou a vantagem no placar por intermédio de uma jogada que o planeta Terra conhece: a infiltração de Paulinho. O jogador do Barcelona se projetou para receber preciso passe de seu companheiro de clube, Philippe Coutinho. Passeou entre Kostic, Veljkovic e Kolarov no corredor aberto pela defesa sérvia em direção à própria meta. O toque sutil, tirando do goleiro Stojkovic, fez o técnico Mladen Krstajić esbravejar. Não era para menos. Obviamente aquela era uma jogada conhecida, manjada, e sua equipe permitiu que o Brasil a criasse, aproveitando para abrir o placar.
A vantagem no intervalo foi a mescla de pragmatismo, do jogo seguro adorado por Tite, com eficiência num lance capital. Paulinho não oferece grande repertório como meio-campista, mas foi vital quando acionado em sua grande especialidade. Assim, colaborou, e muito, para transformar o jogo, que mudaria radicalmente no transcorrer da segunda etapa. Entre 10 e 20 minutos, os sérvios criaram seguidas chances para empatar. Em uma delas Mitrovic cabeceou com o arqueiro já batido, Thiago Silva impediu o gol. Logo depois, ele mesmo usou a cabeça para aproveitar escanteio batido por Neymar e acabar com o jogo ampliando o placar.
O time sérvio morreu ali. A partir daquele 22º minuto os brasileiros não correram grandes sustos, criaram mais situações de gol e levaram o placar até o final jogando com tranquilidade por um quarto da peleja. Pouco antes do gol de Thiago, Tite trocou Paulinho por Fernandinho. Tal substituição deverá se repetir adiante. Quando o adversário tinha o domínio e envolvia a defesa do Brasil, tanto pela direita quanto pela esquerda, o treinador notou a necessidade de contar com um volante mais marcador. Alguém que dificultasse as manobras ofensivas do oponente. Tal situação, muito provavelmente, voltará a acontecer.
São lições de uma vitória que pareceu tranquila, mas que teve momentos de perigo. Se a Sérvia chegasse ao empate na primeira metade do segundo tempo, o Brasil correria o risco de se desarticular, como na estreia frente à Suíça. A nota não se aproximou de 10 justamente por conta desse trecho do jogo, no qual o adversário conseguiu se impor, trocou passes nas imediações da área brasileira e finalizou de dentro dela três vezes num intervalo de 20 minutos. A igualdade no placar por pouco não aconteceu. Mas a reação do time em seguida garantiu a aprovação para a próxima série, as oitavas-de-final. Agora Tite e seus time devem estudar mais para chegar à nota de campeão.
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Neymar fez jogo discreto para o que é capaz, mas deu assistência para o segundo gol e soltou mais a bola. Contra a Suíça tentou 43 passes e completou 35. Diante da Costa Rica foram 62 tentativas e 47 bem-sucedidas. E finalmente na peleja com a Sérvia, o camisa 10 completou 68 de 83 passes. Participação mais coletiva, um escanteio que resultou em bola na rede. Não foi um Neymar genial, até porque ele não parece reunir as melhores condições físicas e técnicas após a lesão. Mas foi o craque sem se atirar a toda hora, reclamando menos e colaborando com o time. Um claro progresso.