Já que a seleção brasileira deixou a Copa do Mundo, o negócio é falar mal das outras?! 

Há reações raivosas de quem parece sentir a incontrolável necessidade de desfazer de quem o derrotou, como se fosse um consolo pós-derrota, recente e consequentemente ainda não cicatrizada

Choro da Inglaterra e da Bélgica na Copa do Mundo 2018. Fotos: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
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A seleção brasileira decepcionou profundamente em 2014. Perder por 7 a 1 foi uma punhalada fortíssima no peito do torcedor, que parece ter perdido um pouco a noção. Aliás, quase todos nós parecemos ter se distanciado da realidade numa supervalorização do time de Tite. 

Não que fosse uma equipe mal dirigida e nada competitiva, mas ela não tinha tais características tão acentuadas como se imaginava. E o campo mostrou isso, nos momentos em que correu risco contra adversários mais fracos e, principalmente, no jogo da eliminação. 

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Algoz do Brasil, a Bélgica foi alvo da fúria de torcedores magoados com o fato de a “badalada geração” ter alcançado seu maior momento justamente diante da camisa cinco vezes campeã mundial. Mal soou o apito final confirmando a vitória francesa e vieram as reações. 

Reações raivosas até, de quem parece sentir a incontrolável necessidade de desfazer de quem o derrotou, como se fosse um consolo pós-derrota, recente e consequentemente não cicatrizada. Vale tudo nessas horas para esses furiosos, até mesmo celebrar um carrasco. 

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Sim, os franceses tiraram os brasileiros das Copas de 1986 e 2006, e entre essas duas décadas, atropelaram o time dirigido por Zagalo nos históricos 3 a 0 na final de 1998 nos arredores de Paris. Assim, festejar um triunfo Bleu-Blanc-Rouge não parece fazer sentido, mas… 

 O que importa é falar mal, denegrir, desfazer, esculachar quem perde. Sem permitir que alguém faça o mesmo com o time do Brasil, claro, mesmo depois que esse também caiu, eliminado. Já não bastam reações que mergulham na xenofobia em relação aos argentinos. 

Claro que não agem assim todos os brasileiros, mas esses não são raros. E parecem se multiplicar tão rapidamente como os memes sobre as quedas de Neymar. Com a derrota para a Croácia, é a seleção da Inglaterra que não presta. Domingo o derrotado também será rotulado. 

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Deixamos, em alguns momentos, de curtir o futebol e tudo de bom que uma Copa do Mundo pode proporcionar. Por que mesmo quem não olha para o campo com tamanho ódio por todos acaba sendo atingido de alguma forma pela enorme onda movida por uma espécie de inveja. 

 O futebol é um esporte magnifico, costumo dizer (perdoem-me os que julgarem exagerado) que é a melhor invenção do homem. Claro que há times e jogadores bons e ruins, os que merecem elogios e críticas. Mas achar um lixo tudo que não veste verde-amarelo é pior do que tudo. 

 *** 

 O comandante inglês na caminhada para chegar à segunda final de Copa do Mundo na história dos inventores do futebol já teve seu dia de vilão. Há 22 anos, o sonho do título da Inglaterra morreu justamente nos pés de seu atual treinador. 

 Com prorrogação, nos 120 minutos de enfrentamento pela semifinal da Eurocopa de 1996, em Londres, foram apenas duas finalizações certas. As dos gols marcados por Inglaterra e Alemanha: Shearer aos 3 minutos e Kuntz aos 16 de peleja. 

 Os ingleses ainda fizeram um arremate fora do alvo em cotejo com chances de gol mais do que raras. Na disputa de pênaltis, ao contrário, a pontaria estava ótima e as 11 primeiras cobranças foram convertidas, a maioria sem chance para os goleiros. 

 Häßler, Strunz, Reuter, Ziege e Kuntz foram às redes pelos germânicos, enquanto Shearer, Platt, Pearce, Gascoigne e Sheringham fizeram a favor dos britânicos. Até que Gareth Southgate caminhou lentamente em direção à chamada marca fatal.  

 Seria dele a primeira batida dos anfitriões do evento após a série inicial de cinco para cada lado, ou seja, a sexta da Inglaterra. Começariam as chamadas cobranças alternadas. Parou nas mãos de Andreas Köpke. Em seguida, Möller colocou a Alemanha na decisão. 

 Decepção da maioria dos 75.862 torcedores que lotavam o velho estádio de Wembley, palco da final do Mundial 20 anos antes. Comandado por Terry Venebles, Southgate era o zagueiro pela direita no trio formado por ele, Tony Adams e Stuart Pearce.  

 Como seu time, que tentava chegar à final da Copa do Mundo de 2018, aquela Inglaterra também tinha três zagueiros. Os dois alas eram Anderton e McManaman, com um trio no meio-campo (Platt, Ince e Gascoigne).  À frente, Shearer e Sheringham. Uma boa equipe, sem dúvida.

Na decisão, os alemães bateram a República Tcheca por 2-1 com tentos de Oliver Bierhoff. Na Rússia, Southgate já viu seu jovem time quebrar o tabu de derrotas em penais no triunfo sobe a Colômbia, mas o sonho da final segue adiado. 

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