França na final! Derrota belga não disfarça problemas da seleção brasileira

Não é absurdo concluir que o time do Brasil foi inferior aos dois semifinalistas, que se enfrentaram em grande duelo no qual o sistema defensivo francês se mostrou eficiente para deter a artilharia belga

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Como reação de torcedor é compreensível. Muitos foram às redes sociais — mais um pouco e sairiam pelas ruas — celebrar a eliminação do algoz da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2018. A derrota da Bélgica deixou gente feliz em terra brasilis, mesmo que a vitoriosa tenha sido a França. A mesma que eliminou o Brasil em 1986 e 2006, além de impor 3 a 0 na decisão de 1998.

 

A priori esse tipo de comportamento diante do resultado não tem importância, mas pode ser perigoso, pois é meio caminho andado para que os defeitos do time canarinho sejam maquiados. Teses na linha “perdemos por azar” e “o time deles não era isso tudo” costumam surgir nessas horas. Servem de muleta para torcedores e mais um pouco param nas bocas de jogadores e técnicos.

 

O duelo entre os gauleses colocou frente a frente duas ótimas equipes. A fortaleza francesa resistiu à artilharia belga numa jornada pouco inspirada de Lukaku, que não aproveitou as chances criadas por De Bruyne, Hazard e Mertens, este na parte final do cotejo. Antes, o time de Didier Deschamps suportou a pressão uruguaia nas oitavas-de-final, deixando engatilhado seu forte contragolpe.

 

Nos instantes finais a Bélgica se desestruturou com as mudanças feitas por Roberto Martínez. Era um amontoado de jogadores de frente, dois centroavantes e incapacidade para fazer a bola chegar até eles, o que facilitou o trabalho francês de sustentar o resultado mantendo a pelota longe de sua área. E ainda teve grande chance, desperdiçada por Tolisso, que parou na mão esquerda de Courtois.

 

Fosse França x Brasil, o duelo seria tão ou mais duro do que o enfrentamento entre a equipe dirigida por Tite e a Bélgica. Pela solidez defensiva que os franceses demonstraram, diferentemente do que se viu nos 4 a 3 contra a confusa Argentina. Além da força dos contra-ataques puxados na velocidade e explosão de Mbappe. Não é absurdo concluir que o time brasileiro foi inferior aos dois semifinalistas.

 

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Reserva na maior parte de sua passagem pelo Arsenal, suplente em sete dos 12 jogos desde que chegou ao Chelsea, Olivier Giroud começou a Copa do Mundo no banco. Virou titular e se firmou ao participar, bem, da vitória sobre o Peru. Deu passe para gol que ajudou a eliminar a Argentina e não saiu mais. Isso não faz de sua passagem pelos gramados russos algo tão elogiável até aqui. Mas o atacante francês é o exemplo da muleta citada acima.

 

Nesta Copa, Giroud jogou por 465 minutos, finalizou 13 vezes, nenhuma no alvo. Deu sua única assistência para Mbappe, aquela contra a Argentina. E criou seis chances de gol para seus companheiros. Defensivamente, desarmou três vezes, rebateu seis e interceptou a bola em duas ocasiões. Seu prestígio caiu depois de não aproveitar as chances que teve diante da Bélgica, quando arrematou meia dúzia de vezes, cinco de dentro da área, todas para fora.

 

Nos 407 minutos em que esteve no campo, titular em todos os cinco jogos do Brasil, Gabriel Jesus finalizou nove vezes, uma no alvo, outra no travessão e as demais sem direção. Deu uma assistência, acidental, mas deu, para Philippe Coutinho diante da Costa Rica. Foi a única chance criada pelo camisa 9 do Brasil para um companheiro neste Mundial. Defensivamente foram seis desarmes, quatro rebatidas e seis interceptações.

 

O desempenho de Giroud já se transformou em “argumento” para os defensores da tese mais bizarra do Mundial: a de que Gabriel era importante para o time por cumprir funções táticas defensivas, sem a bola. Como se ele não tivesse que desempenhar bem suas tarefas ofensivas, como atacante que é. Centroavante tem uma missão prioritária em campo: fazer gols. A segunda: participar de jogadas que possam gerar gols. As outras vêm depois.

 

Após o 1 a 0 sobre a Bélgica e a classificação para a terceira final de Mundial da França em duas décadas, os internautas que acessavam o site do jornal L’Equipe davam as notas para os atletas franceses. Giroud teve, disparado, a pior avaliação, com 5,6, único dos jogadores da seleção finalista desta Copa do Mundo com menos de 6 na opinião dos leitores. Pelo jeito, para eles não cola a história de que ele faz a fonction tactique.

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