Seleção brasileira elimina mexicanos e choca quando comparada com a dos 7 a 1

Neymar concentrado em jogar sem se jogar fez do Brasil uma equipe irresistível, com sólida defesa, diante do ousado México treinado pelo colombiano Juan Carlos Osorio

Miranda e Thiago Silva comemoram vitória contra o México, na Arena Samara. Foto: AFP
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O México foi um interessante oponente. O técnico colombiano Juan Carlos Osorio prometeu e cumpriu. Sua equipe marcou no início e em outros momentos no campo ofensivo, dificultou a saída de bola e a teve por mais tempo do que a seleção brasileira (51% contra 49%) nos 90 minutos. 

Até criou o time tricolor, esbarrando em más escolhas nos momentos em que teve a chance de finalizar com alguma liberdade. Esses erros inviabilizam as ações de ataque de qualquer adversário do Brasil versão 2018, um time absolutamente diferente do que vestia amarelo há quatro anos. 

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Ao vencer por 2 a 0 a seleção canarinho assumiu a liderança no ranking de finalizações do certame (77), tendo sofrido apenas 33. Só França (31) e Espanha (29), permitiram menos arremates contra suas metas, entre as equipes que chegaram às oitavas-de-final. O equilíbrio de Tite é uma realidade. 

Em 2014 o time brasileiro era uma bagunça, algo perceptível antes de a Alemanha aplicar 7 a 1. A equipe sofreu 81 finalizações em sete jogos. Mas nas oitavas, fase que o Brasil de Tite acaba de superar, já acumulava 48, ou seja, 15 a mais no comparativo com o time atual. 

O Brasil finalizou 20 vezes, mas foi desafiado pelo México com seus 14 arremates, contudo apenas um no alvo, o tiro de fora da área de Carlos Vela colocado para escanteio por Alisson, quando o placar já mostrava 2 a 0. A defesa brasileira bloqueia com eficiência os tiros dos rivais.

E seu ataque agride mais com o crescimento de Neymar. O camisa 10 teve ótima atuação, foi decisivo sem o individualismo exagerado do começo de Copa. Um gol em sete finalizações, quatro certas, numa delas Roberto Firmino ampliou o placar na sequência do lance, decretando a vitória. 

Neymar concentrado, jogando mais e se jogando menos, buscando os dribles perto da área inimiga é decisivo e coloca o Brasil mais perto das vitórias. Ele foi o diferencial diante do México. Se você duvida, imagine o que poderia ter acontecido sem ele em campo. Talvez um 0 a 0. 

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A argumentação dos defensores da permanência de Jesus entre os titulares passa pelo seu “papel tático”. Contra os mexicanos, fez um desarme, uma interceptação e deu duas rebatidas, afastando a bola da área brasileira em lances que se passaram nos 13 primeiros minutos. O jogador do Manchester City soma seis desarmes e seis interceptações no Mundial. 

Firmino roubou uma bola em pouco mais de meia hora na Copa, mas permanecendo em campo, é capaz de realizar o mesmo serviço. Tanto que desarmou 50 vezes nos 37 jogos que disputou pelo Liverpool na Premier League 2017/2018, com 18 interceptações. Na mesma competição, o preferido de Tite desarmou 15 vezes em 29 jogos, interceptando a bola em oito ocasiões.  

Titular em todos os jogos, Gabriel Jesus soma sete finalizações na Copa, uma no travessão, cinco para fora e uma no alvo, aos 32 minutos da peleja contra os mexicanos, defendida pelo goleiro Ochoa. E chegou atrasado no lance do tento que abriu o placar, para sua sorte Neymar lá estava. 

Jesus esteve em campo por 248 minutos, contra 38 de Roberto Firmino, que entrou no final de três das quatro partidas do Brasil. Ele arrematou quatro vezes, duas sem direção e duas certas. A primeira em cabeçada no último minuto do 1 a 1 com a Suíça, detida pelo arqueiro Sommer quase sobre a linha, a segunda decretando a vitória sobre o México por 2 a 0. 

Ainda acho que centroavante deve participar do jogo sem deixar de finalizar, incomodar a defesa e fazer gols. Mas há quem considere o bastante um camisa “9” correr, cercar, roubar uma bola e interceptar outra em um jogo inteiro. Talvez a visão da comissão técnica fossa outra se não tivessem Neymar e Philippe Coutinho, que vêm compensando a seca de Gabriel Jesus. 

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Na entrevista coletiva após a vitória, Tite simplesmente vetou uma pergunta feita a Neymar. O principal jogador do Brasil, após sua ótima atuação, não pode responder sobre o que disse o técnico Osorio (se queixou da demora dos brasileiros para reiniciar lances), do México? Até que ponto essa redoma em torno do craque ajuda ou atrapalha?

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