Seleção brasileira vence. Mas não era preciso tanto sufoco, sofrimento e choro
Brasil sai de campo com três pontos ao fazer 2 a 0 na Costa Rica, mas desempenho de Neymar gera discussão e futebol apresentado pelo time de Tite deixa novamente a desejar
Tivesse o Brasil feito boa partida, a vitória sobre a Costa Rica não aconteceria dramaticamente e com dois gols nos acréscimos. O primeiro deles no 42º (!) cruzamento da seleção brasileira, recorde em apenas uma peleja até aqui na Copa do Mundo 2018.
Tivesse o Brasil feito boa partida, ao final os jogadores comemorariam, mas não seriam tão efusivos, como se estivessem diante de um poderoso rival. E o técnico Tite não cairia rolando no gramado ao trombar com os reservas ao correr loucamente na celebração.
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Tivesse o Brasil feito boa partida, Neymar não faria cara e gesto de choro, como se tivesse superado a maior barreira de sua vida profissional, vencido um desafio épico. Tampouco teria apelado ao cavar pateticamente um pênalti, desmascarado pelo VAR.
É óbvio constatar que o Brasil não fez uma boa partida, longe disso. Venceu sem convencer, se aproximou da classificação, mas ficou devendo diante do mais fraco rival do grupo. Nem a onda ufanista típica de Copa consegue esconder isso.
Quando um time não encontra meios para furar a defesa oponente, uma tônica neste Mundial, despeja a bola na área sem parcimônia. Foi assim que, ante os costarriquenhos, o Brasil se transformou no que mais cruzou em um só jogo neste certame.
O time de Tite superou os 38 da Alemanha na derrota para o México (1 a 0) na estreia. No ranking geral, os brasileiros estão em primeiro no quesito: 68 contra 50 de Marrocos, ambos em duas partidas. Na média por jogo a Alemanha ainda supera, 38 a 34.
Os números são do Footstats, que registrou índices bem menores de cruzamentos das equipes treinadas por Tite em outras competições. No Brasileiro de 2015 a média foi de 14,3, no de 2011 21,2, no Paulista de 2013 17,4, no Mundial de Clubes em 2012 11,5, na Libertadores do mesmo ano 16,9, e na Recopa 2013 12,0. Nas eliminatórias, em 12 jogos com o atual treinador, foram 16,4 cruzamentos do Brasil por peleja.
Fato é que a expectativa criada pela seleção brasileira no pré-Copa está longe de ser correspondida. Fora o bom começo de segundo tempo, quando pressionou e criou claras oportunidades, o time foi mal, tão previsível quanto alguns importantes rivais.
Paulinho e Willian deixaram o campo antes do apito final, substituídos respectivamente por Roberto Firmino e Douglas Costa. O Brasil foi para o tudo ou nada com dois centroavantes, e embora nenhum deles seja típico grandalhão, funcionaram.
No cruzamento de Marcelo, com 1,81 metro de altura Firmino ganhou de dois adversários, Oviedo (1,72 metro) e Calvo (tem a mesma estatura do brasileiro). Gabriel Jesus não conseguiu controlar a ajeitada de cabeça, mas acabou por amortecer a bola para Coutinho. Gol!
A jogada de Douglas Costa pela direita após o tempo regulamentar, que resultou nos 2 a 0 com Neymar, coroou sua boa participação. Incisivo, o atacante da Juventus deu agressividade à equipe, preenchendo o quase desértico lado direito. Merece ganhar a posição.
Em tempos nos quais há mil e uma sofisticadas explicações táticas para tudo, obviamente elas acompanham a justa vitória do Brasil. Na prática, a estratégia de Tite para chegar ao gol foi das mais rústicas: cruzamentos e gol na marra. Com dois centroavantes. Vale? Claro. Mas é pouco.
DRAMA ARGENTINO – Os 2 a 0 da Nigéria sobre a Islândia beiraram a perfeição para os argentinos. Uma vitória sobre os africanos classifica a equipe de Messi, desde que a Islândia não derrote a Croácia. Caso os islandeses vençam, os sul-americanos terão que triunfar por um gol a mais, por exemplo: Argentina 2 x 0 Nigéria e Islândia 1 x 0 Croácia. A matemática ajuda, mas a falta de futebol não estimula a apostar nos hermanos.
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