O Paraná da
Era Richa


Jan/2011 – Abr/2018


O estado antes e depois de Beto Richa
Veja estatísticas e análises dos 7 anos e 3 meses do governo Richa (PSDB). Ele renunciou ao cargo antes do fim do mandato para disputar a eleição ao Senado

O estado antes e depois de Beto Richa
Veja estatísticas e análises dos 7 anos e 3 meses do governo Richa (PSDB). Ele renunciou ao cargo antes do fim do mandato para disputar a eleição ao Senado


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Investimentos em alta

Richa terminou o primeiro ano do mandato, em 2011, tendo investido apenas 56% do montante relativo ao ano anterior, da gestão peemedebista de Roberto Requião e Orlando Pessuti. Durante praticamente todo o período em que ficou à frente do Palácio Iguaçu, o tucano não conseguiu destravar os investimentos, que, ano após ano, ficavam muito distantes do patamar previsto em orçamento. Finalmente em 2017, porém, Richa transformou o discurso em prática: investiu R$ 3,66 bilhões em obras e aquisição de equipamentos, maior volume da história do estado.

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Salários em dia

Amparado pelo ajuste fiscal iniciado no final de 2014, Richa conseguiu garantir o salário em dia dos servidores públicos ao longo do segundo mandato, enquanto outros estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais têm sofrido para manter o cronograma de pagamento do funcionalismo. O tucano ainda zerou progressões e promoções devidas aos quadros do Executivo. Essas medidas só foram possíveis, no entanto, graças à decisão de não pagar a reposição da inflação de 2016 e 2017 aos servidores. Neste ano, o reajuste zero deve se repetir.

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Criação da Defensoria

Em maio de 2011, menos de cinco meses depois de assumir o cargo, Richa criou a Defensoria Pública no estado. Prevista desde a Constituição Federal de 1988, a criação do órgão ocorreu com 23 anos de atraso e depois de muitas idas e vindas. O Paraná foi o penúltimo estado do país a implantar oficialmente a Defensoria, à frente apenas de Santa Catarina. Todos os anos, porém, o órgão trava uma luta contra o governo em busca de mais recursos no orçamento, mas não tem tido sucesso.

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Repasses aos municípios

Sobretudo a partir de 2017, quando ficou mais evidente que pretendia se candidatar ao Senado e, portanto, precisaria do maior número possível de aliados, Richa começou a liberar recursos aos municípios num ritmo frenético. Apesar de ser uma exigência da legislação destinar às 399 cidades do estado 25% da arrecadação de ICMS e 50% do IPVA, o tucano soube tirar proveito disso, a ponto de ser elogiado até por prefeitos de partidos adversários.

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Atração de indústrias

Avessos ao que consideravam um estilo truculento e de pouca segurança jurídica do governo Roberto Requião, empresários e industriais retomaram o caminho do Paraná na gestão Richa. Por meio do Paraná Competitivo, o tucano afirma ter atraído R$ 43 bilhões em investimentos para o estado, o que teria permitido a geração de 100 mil empregos diretos e 400 mil indiretos. As informações do programa, no entanto, são guardadas a sete-chaves e sobre elas pairam muitas dúvidas sobre a legalidade e moralidade dos benefícios concedidos ao empresariado.

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Aumento de impostos

Logo após ser reeleito com o discurso de que a casa tinha sido colocada em ordem e o melhor estava por vir, Richa promoveu um pesado aumento de impostos. Elevou de 12% para 18% a alíquota do ICMS de milhares de mercadorias, o que representou um crescimento de 50% do peso do tributo em itens como roupas, artigos de higiene pessoal, móveis e eletrodomésticos. Já o IPVA sofreu alta de 40%, com a alíquota passando de 2,5% para 3,5% do valor do veículo. Além de mexer no índice, o tucano também reduziu de 5% para 3% o desconto para pagamentos feitos à vista.

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29 de abril

Para promover mudanças no sistema de previdência dos servidores estaduais, Richa cercou a Assembleia Legislativa e garantiu que os deputados aprovassem o projeto em abril de 2015. O saldo daquela tarde, entretanto, foram 213 feridos no confronto com a Polícia Militar. Além disso, a proposta passou a permitir que o governo saque mensalmente da Paranaprevidência R$ 145 milhões, descapitalizando o caixa previdenciário de forma constante e ininterrupta e diminuindo o prazo de esgotamento (solvência) do fundo, inicialmente projetado em 29 anos.

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Escândalos de corrupção

No segundo mandato, diversas denúncias de corrupção atingiram o governo Richa. Em três investigações diferentes, delatores afirmaram que a campanha de reeleição do tucano foi abastecida com caixa 2. As revelações foram feitas por representantes da Odebrecht para a força-tarefa da Lava Jato; pelo empresário Eduardo Lopes de Souza, dono da construtora Valor, na Operação Quadro Negro, que investiga desvios milionários de obras em escolas; e por um auditor fiscal na Operação Publicano, que apura um esquema de corrupção articulado a partir da Receita Estadual.

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Antecipação de ICMS

Além do aumento de impostos e dos saques mensais à Paranaprevidência, Richa lançou mão da chamada antecipação da arrecadação de ICMS. Para ter dinheiro em caixa, o governo negociou o adiantamento do pagamento do tributo com algumas empresas em troca de desconto. Em 2017, por exemplo, oito indústrias adiantaram R$ 1,72 bilhão ao tucano – o valor só precisaria ser quitado neste ano. Segundo a oposição, para isso o governo teria aberto mão de R$ 1,8 bilhão. O mesmo mecanismo foi reproduzido em 2018, já deixando o futuro governador com um desfalque considerável de caixa.

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Segurança pública em xeque

Desde 2014, a segurança pública tornou-se talvez o setor mais sensível do governo Richa. Naquele ano, foram mais de 20 rebeliões em presídios. A promessa feita ainda na primeira gestão de construir 14 penitenciárias ficou no discurso. As próprias delegacias convivem com superlotação em todo o estado. No fim do ano passado, por exemplo, havia 438 pessoas detidas em carceragens da Polícia Civil em Curitiba, em espaços com capacidade para apenas 90 presos. Além disso, nos últimos meses do tucano à frente do cargo, corpos tiveram de ser velados pelas famílias no meio da rua durante horas à espera da chegada do IML. Os casos sucessivos culminaram na queda do então secretário da pasta, Wagner Mesquita.






Confira alguns índices

Segurança

Os homicídios diminuíram no Paraná em números absolutos e proporcionais à população. No Brasil houve aumento até 2013, quando foi ultrapassada a marca de 60 mil mortes.

Homicídios

Taxa de mortes a cada 100 mil habitantes

Número absoluto de homicídios

Em milhares

Fonte: Datasus

Emprego

O número de vagas criadas com carteira assinada no Paraná despencou desde 2010 chegando a níveis negativos (cortes de vagas) em 2015 e 2016. Em 2017 o índice voltou a ser positivo

Vagas criadas com carteira assinada

  • Paraná em milhares
  • Brasil em milhões

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego.

Rendimento médio (RAIS)

Em R$ milhares

Rendimento médio é o resultado da massa salarial dividida pelo número de empregos. Integram essa remuneração os salários, ordenados, vencimentos, honorários, vantagens adicionais, gratificações, etc. Está excluída a remuneração do 13º salário. Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - MTE.

Saúde

O índice de mortalidade infantil caiu e a expectativa de vida subiu no Paraná seguindo a mesma tendência do Brasil. Mas há menos leitos nos hospitais em 2017 do que em 2010

Mortalidade infantil

Taxa de Mortalidade Infantil em Menores de 1 ano de idade a cada mil nascidos vivos

Fonte: Ministério da Saúde / Datasus

Expectativa de vida

Em anos

Fonte: Tábua de mortalidade do IBGE.

Leitos hospitalares pelo SUS

Em milhares

Fonte: Ministério da Saúde / CNES

Educação

A nota dos primeiros anos do ensino fundamental no Paraná aumentou de 2011 para 2013 e manteve-se estável em 2015. Nos anos finais, começou estável e aumentou em 2015

Nota do IDEB anos iniciais (1º ao 5º do ensino fundamental)

Indicador de 0 a 10 que mede a qualidade do ensino nas escolas públicas, levando em conta as provas de português e matemática da Prova Brasil e a taxa de aprovação

Nota do IDEB anos finais (6º ao 9º do ensino fundamental)

Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - MEC/Inep.

Assistência social

Em sete anos o estado aumentou de 1,9 milhão para 2,8 milhões o total de imóveis com rede de esgoto

Saneamento

Unidades atendidas no Paraná, em milhões

Fonte: Sanepar.

Socioeconômico

O volume de investimentos não acompanhou o crescimento expressivo de receita. Já o PIB e o salário mínimo paranaense superam os índices nacionais

Arrecadação X Investimentos

Em R$ bilhões

Fonte: Secretaria de Estado da Fazenda.

Gastos com pessoal

Em %. Os gastos são classificados em alerta: quando o gasto com pessoal atinge 44,1%, o Tribunal de Contas envia um alerta ao Executivo; prudencial: 46,55% é o limite prudencial, a partir do qual já é proibido criar cargos, contratar pessoal e conceder aumentos; máximo: 49% é o limite máximo do Poder Executivo para gastos com pessoal. Se ultrapassado, o estado deixa de receber, por exemplo, transferências voluntárias da União

Fonte: Secretaria de Estado da Fazenda.

Distribuição de renda

Índice Gini, utilizado para medir a desigualdade. Quanto mais próximo de zero, melhor (menor a concentração de renda).

Fonte: Ipea, a partir de dados do IBGE.

PIB per capita

Em R$ milhares.

Soma de todas as riquezas produzidas em um território, o PIB (Produto Interno Bruto), dividida pelo número de habitantes daquela região. Fonte: Ipardes e IBGE.

Salário mínimo

Em R$

Fonte: Governo do Paraná e Dieese.

Agricultura

Milho e soja foi o que mais se produziu no Paraná nos últimos sete anos. As exportações, apesar de uma queda em 2014 e 2015, recuperaram o patamar anterior

Produção de grãos

Em milhões de toneladas

Exportações

Em US$ bilhões

Fonte: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

EXPEDIENTE

Apuração e Reportagem — Euclides Lucas Garcia, Giulia Fontes e João Frey

Edição — Bruna Maestri Walter

Infográficos e ilustrações — Osvalter Urbinati

Webdesign — Chantal Wagner

Editor de infografia — Guilherme Storck

Gerente de conteúdo local — Audrey Possebom

Diretor da Redação — Leonardo Mendes Júnior